Blog que retrata os acontecimentos do mar e porto de Viana e arredores, nos bons e maus momentos, dos pequenos aos grandes senhores.

29
Jan 08

ROQUETA DO CASTELO

 

No livro de consultas a 03-09-1872, é pela primeira vez feita referência ao local de reunião, "...na Roqueta do Castello d'esta cidade..." para deliberarem sobre a entrada de um iate que corria para a barra, fazendo sinal de retirada "...içando a bandeira de retirada firmada com um tiro de peça, em consequência do que o dito Hiate deu à poupa para o Norte", isto porque a "agõa corria muito".

Presume-se que era neste local a estação de pilotos, por ser o sítio de reuniões e  onde eram içados os sinais.

 

 

Roqueta do Castelo

 

Passado menos de três anos, a 09-02-1875, é referido novo local de reunião - o Cais do Fortim - numa consulta que fizeram para deliberarem se deviam ou não dar entrada ao vapor inglês "ROSEBUD" "...por a barra ter pouca agõa".

Futuramente e até 11-09-1915 o local das consultas que faz o Piloto-mór aos seus "súbditos", é sempre no Cais do Fortim, altura em que começam as obras de construção do anteporto, casa do Salva-vidas e Torre de Vigia dos Pilotos, sendo desmantelado o Fortim.

 

 

Cais do Fortim com o Fortim no extremo Oeste

 

Entre 1915 e 1925, altura em que foi construída a nova estação na Torre de Vigia dos Pilotos, não se tem indicação do local onde estavam instalados os Pilotos.

Em 1925 com a construção da Torre de Vigia os pilotos passam a ter instalações condignas e em local privilegiado junto à barra.

 

 

Torre de Vigia dos Pilotos e Roqueta do Castelo

 

Permaneceram neste local  até 1990, altura em que as instalações se tornaram exíguas e obsoletas justificando a construção de uma nova estação, que foi implantada na retenção marginal Norte em terrenos onde outrora se localizou o Cabedelo.  

 

Actual estação de Pilotos, vendo-se em primeiro plano o antigo cais da Tornada

publicado por dolphin às 23:31
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21
Jan 08
O rio Lima (Limia para os espanhóis) nasce na aba ocidental da serra de S. Mamede, na fonte Talariño.
 
Esta foi a conclusão a que cheguei no dia 20 de Janeiro de 2008, quando resolvi comemorar os 750 anos do foral de D.Afonso III, com a subida à nascente do rio Lima, numa romagem às origens.

 

Local onde foi encanada a água para a aldeia

 

 

Córrego por onde a água escorre

 

Não foi fácil a descoberta do local. Após duas tentativas, só à segunda consegui encontrar um aldeão do pueblo de Paradiña que me explicou que a nascente do rio estava canalizada para abastecimento da aldeia e a origem resumia-se às sobras que no Inverno transvazavam e escorriam pelo córrego que se formou  ao longo de milénios.

 

Um rego d'água

Na aldeia rural do Couso, cerca de um quilómetro para jusante, fruto das escorrências de várias nascentes que dos pequenos córregos confluem, o Limia é já um rego de água significativo, para, no sopé da serra, no encontro com a planície, se transformar num rio com um caudal que lhe permite vencer a imensa planura com cerca de 20 quilómetros de extensão até à ponte de Liñares, onde começa a apertar o cerco montanhoso que daí até Ponte da Barca o transforma num rio de montanha, para voltar a ser novamente um rio de planície até à foz.

 

Um rio com um caudal que lhe permite vencer a planura

 

 

A imensa planície com cerca de 800 Km2

 

 

 Embalse de las Conchas

 

Lamento que não haja uma indicação precisa do local. Estamos em ano de comemorações, talvez não fosse má ideia, com a anuência das autoridades locais espanholas, colocar uma indicação da origem do rio que vem desaguar na nossa cidade depois de ter percorrido cerca de 170 quilómetros.
 
publicado por dolphin às 22:56
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14
Jan 08

O nome Cais Novo, povoação da vila de Darque, provém de um cais que foi construido por volta de 1643, por proposta da edilidade que para o efeito cobrava desde 1631 finta nos concelhos de Barcelos, Braga e Guimarães destinada à construção do cais de S. Lourenço. Daí este cais se justificar ser construído na margem esquerda do rio Lima, "...adonde se avia de principiar a obra do cais de  Sam Lourenço e disseram que a obra viesse correndo do princípio donde se recomeçou o cais ate Sam Lourenço e q se fizesse hum desembarcadouro pera as pesoas desembarcarem em acomodidade" ( M.A. F. Moreira in "O Porto de Viana do Castelo na Época dos Descobimentos", 17,18).

 

 

O cais de S. Lourenço em primeiro plano, circundando com o Marachão, a capela com o mesmo nome.

 

O Marachão de São Lourenço começou a ser pensado a partir de 1549, mas só depois de 8-3-1561  se construíu, altura em que chegou a Viana a provisão real há muito reclamada quer por Rui Sá, Comendador da Ordem de Cristo, quer por Baltasar Calheiros, escrivão da Câmara que foram incumbidos da missão de "requerer o negocio do ryo", o primeiro em Junho e o segundo em Novembro de 1549 que invocaram " pella muyta necessidade q nesta villa tem de corrigir o ryo e a barra". ( M.A.F.Moreira in "O Porto de Viana do Castelo na Época dos Descobrimentos", 20).

Como se vê, já nesta altura e mesmo antes, se verificava a necessidade de encanar o rio como forma de atenuar o assoreamento, daí terem sido construidas estacarias de madeira nas duas margens, a mais antiga que se tem conhecimento data de 1516.(Livro dos Acordãos.,1516,1,10)

 

 

Ponte Medieval que liga o cais de S. Lourenço à vila de Darque

 

 

Cais Novo (Cais de S. Lourenço)

publicado por dolphin às 23:08
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13
Jan 08

Perde-se no tempo a memória da origem desta embarcação também chamada  D'água arriba, de Riba-acima, barca, barcaça, chata e barquinho.

A necessidade de transpor um obstáculo natural, o rio, cedo deve ter despertado nas populações que primeiramente povoaram as margens do Lethes (rio do esquecimento para os romanos), a inventarem um meio de se deslocarem de uma margem para outra.

 

 

A forma singular e elegante destas embarcações, de pouco calado, próprias para subir o rio Lima até ao Carregadouro (perto de Ponte da Barca) onde iam carregar vinho para ser exportado pelo Porto de Viana; tem um fundo chato e apresentam a proa em bico e a popa cortada. O fundo é formado por cinco pranchas grossas de madeira de pinho e o bojo trincado é feito de 2 a 3 tábuas sobrepostas a partir do fundo , rematadas por um pequeno rebordo. Tem de comprimento entre os 9 e 11 metros por 2,5 a 3 metros de largura máxima e 60 centímetros de pontal, com uma capacidade de carga de cerca de 1 tonelada.

 

 

Representação esquemática dum barco de Riba a cima

 

 

Modelo novo de um barco d'água arriba em contraplacado marítimo

 

 

Secção e popa de um velho barco d'água acima 

 

 

 Restos da proa de um barco de Riba a cima

 

A forma de movimentação foi até à década de 60 do século passado a vela e a vara. As extracções desordenadas de inertes no rio Lima provocaram no leito do rio desníveis (poços) que chegam em certos sítios a atingir 15 metros de profundidade o que torna impossivel o movimento através da vara. O vareiro ( homem que utiliza a vara), encontrou no motor fora de borda o meio de movimentação mais adequado, eliminou o leme  e instalou um motor fora de borda apoiado num reforço improvisado no painel da popa.

 

 

Transporte de pessoas entre as duas margens

 

A vela outrora usada era uma vela triangular bastarda com muito pano na esteira, que armava com pequena verga ostagada no mastro.

 

 

 Cais velho de Darque

publicado por dolphin às 19:23
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