Blog que retrata os acontecimentos do mar e porto de Viana e arredores, nos bons e maus momentos, dos pequenos aos grandes senhores.

29
Abr 10

A GUERRA E A POBREZA EM VIANA

 

Portugal ainda não refeito da mudança radical que se operou com a revolução Republicana de 1910, com uma instabilidade governamental, que impedia a saída da crise, estava envolvido na 1.ª Grande Guerra Mundial agudizando de forma significativa a vida dos seus habitantes.

Viana do Castelo e toda a Região do Alto Minho, sentiu ainda mais os efeitos da crise, política, económica, financeira e social em que o país estava mergulhado.

Havia pobreza em Viana do Castelo, os pescadores não iam ao mar motivado pela escassez de peixe na costa, os lavradores dependentes duma agricultura de subsistência pouco produziam, não havia poder de compra entre as classes mais desfavorecidas que dependiam do seu trabalho e este não havia.

A Parceria de Pescarias de Viana, recentemente constituída estava com dificuldades em vender o bacalhau capturado no 1.ºano da sua actividade. Por este motivo e também para amenizar  a vida dos mais carenciados, decidiu “oferecer ao município o bacalhau que tem armazenado para ser vendido ao preço de 350 reis o quilo do de 1.ª, 310 o de 2.ª e 280 o de 3.ª”.

Foi uma medida acertada tomada pelo gerente da empresa, sr. João Baptista Ferreira que desta forma resolveu duas situações, não ganhou mas não perdeu e possibilitou que as classes trabalhadoras pudessem “tirar a barriga de misérias” adquirindo o “fiel amigo” a um custo acessível às suas bolsas.

Nesse ano de 1916 em que ocorreu o facto que relatamos, a Parceria de Pescarias de Viana mandou os navios para os mares da Terra Nova.

O lugre “Santa Luzia” comandado pelo sr. capitão Manuel Marques Mano Agualusa, fez a viagem de Viana a Lisboa, onde foi abastecer de mantimentos e sal, no tempo recorde de 22 horas e 15 minutos, apesar de ter navegado longe da costa, por supor que os faróis se encontravam apagados por causa da guerra, perdendo caminho e tendo de esperar para entrar, com diz o capitão,“cheguei a Cascaes às 10,30 horas da manhã. Alli obrigaram-me a pairar até às 11 horas da manhã, que foi quando recebi o prático e depois de cumpridas as formalidades da actual situação (1), o navio seguiu para a barra”.

A manobra de entrada na barra de Lisboa à vela foi surpreendente e revela as qualidades náuticas  do navio mas também de quem o comanda e manobra. O relato que faz o capitão Agualusa é disso esclarecedor, “À frente navegava um vapor, puxando (2) 10 milhas.

O vento refrescou mais no apertado da barra (3) e o navio apanhou tal seguimento, que foi preciso arrear alguns pannos para não ver o “Santa Luzia” saltar por cima do vapor.

No dia seguinte, na capitânia, o prático que pilotava o vapor, deu-me os parabéns pela boa marcha do nosso “Santa Luzia”.

E assim pode V. ver que os bons navios muitas vezes encobrem a falta de energia dos seus capitães...”

Os bacalhoeiros que partiram no início de Maio para os bancos começaram a regressar a partir de meados de Outubro como foi o caso  de alguns navios da praça de Lisboa que aportaram a Viana do Castelo para descarregar o pescado para a secagem.

No dia 17 de Outubro de 1916 entraram em Viana o lugre (4) “Argus”, a escuna (5) “Creoula” e o patacho (6) “Neptuno”. Todos eles foram rebocados pelo vapor “Mosquito” propriedade do senhor João Magalhães. Mais uma vez aqui se regista a falta de um rebocador para auxílio das manobras e as dificuldades que os práticos dessa época tinham em manobrar os navios na entrada da eclusa do canal de acesso à doca.

Um dos navios que teve dificuldade em entrar, por ser o de maior boca (7), foi o patacho “Neptuno”. Quando entrava no canal da embocadura da doca, tocou no molhe sul e a unha do ancorote (8) ficou entalada entre o cais e o navio provocando neste um rombo junto à proa.

No cais do norte encontrava-se a ver a manobra o mestre calafate senhor António Gonçalves Pinto que notou que o navio estava a imergir (9) sem que de bordo alguém se apercebesse e, pressuroso, saltou para bordo do navio, descendo para o rancho (10) e procedendo a arrombamento de anteparas até chegar ao local do rombo com o intuito de o tapar.

Como um navio na situação de água aberta (11) constitui um perigo para a navegação em porto, o Capitão do Porto, responsável pela segurança, determinou que o navio seguisse para o Cabedelo a fim de ser encalhado numa coroa de areia.

O “Mosquito” que já se encontrava na amarração, teve de retroceder para rebocar o “Neptuno” para o Cabedelo, onde foi encalhado. Durante o trajecto e apesar das bombas de esgoto do navio terem trabalhado incessantemente para esgotar a água que jorrava pelo rombo, chegando a atingir “a altura de metro e tanto”.

Se não fora o pronto serviço efectuado pelo rebocador e calafate António Gonçalves Pinto, a que se deve associar a Corporação dos Pilotos e outros que intervieram na operação, o “Neptuno” teria submergido na doca ou no canal do rio, causando danos imprevistos à navegação, ao porto e à região.

Mas nem tudo foi mau nesse ano, a 24 de Outubro entrava a barra de Viana, proveniente dos bancos da Terra Nova, o lugre “Santa Maria” com um carregamento de bacalhau, consignado à Parceria de Pescarias de Viana.

Glossário:

(1)  – Deve querer referir-se à guerra.

(2)  – Puxar = Puchar fogo – significa nos navios a vapor aumentar o fornecimento de carvão à caldeira para dar mais velocidade.

(3)  – Apertado da barra – Entre S. Julião da Barra e o Bugio.

(4)  – Lugre – Navio à vela de mais de três mastros que enverga pano latino.

(5)  – Escuna – Navio à vela de dois mastros com um mastaréu em cada um deles.

(6)  – Patacho – Navio de dois mastros (traquete e grande) o traquete com pano redondo e o grande com vela latina e gave-tope.

(7)  – Boca – largura máxima do navio.

(8)  – Ancorote – Âncora pequena.

(9)  – Imergir – afundar.

(10) - Rancho – local onde são servidas as refeições.

(11) - Água aberta – a meter água

Fontes : A Aurora do Lima: 18-02-1916; 09-05-1916; 20-10-1916; 24-10-1916

Viana do Castelo, 2010-04-21

Manuel de Oliveira Martins

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21
Abr 10

RESULTADOS DE 1914

 

O ano de 1914 registou nos portos do Norte de Portugal um substancial aumento, 40.134 quilogramas mais do que no ano anterior, ao contrário de Lisboa que registou um decréscimo de 13.172 quilos de bacalhau.

Apesar da guerra (1914-18) que condicionava toda a navegação, a pesca do bacalhau foi em certa medida poupada pelos alemães, que não encontravam justificação para atacar os barcos portugueses, enquanto que aos navios oriundos de Inglaterra, Noruega e Dinamarca, donde era importado grande parte do bacalhau que se consumia em Portugal, assim não sucedia, sendo frequentemente atacados.

Por esse motivo, em 1915, alguns bacalhoeiros portugueses ainda se aventuraram na expedição aos mares da Terra Nova, foram eles: Os lugres "Julia 1.º,2.º,3.º e 4.º", o "Voador" e o "Lucília" da praça da Figueira da Foz; os lugres "Gamo", "Guadiana", "Terra Nova", "Náutico", "Argonauta" e o iate "Açor", registados no porto de Lisboa e também saíram de Viana do Castelo os lugres "Santa Luzia" e  "Santa Maria".

Da análise do mapa abaixo, verifica-se que a Figueira da Foz era o porto maioritário, com um peso de bacalhau de quase metade dos portos referenciados, seguindo-se o Porto com cerca de metade da F. da Foz e em 3.º lugar Lisboa. Os portos de Viana do Castelo e Aveiro representavam nesta época uma parcela diminuta no computo nacional.

 

 

 

PORTOS

QUANTIDADE (Kgs)

%

IMPOSTO (reis)

Figueira da Foz

111.266

44,8

13.350$920

Porto

60.023

24,2

7.214$790

Viana do Castelo

20.306

8,2

2.436$670

Aveiro

14.923

6,0

1.790$720

Lisboa

41.563

16,8

4.987$580

TOTAL

248.081

100,0

29.780$680

O imposto do pescado contabilizado, representava 6% do valor do bacalhau verde salgado, imposto que foi criado por portaria de 14 de Abril de 1886, assinada pelo ministro do Fomento Marianno Cyrillo de Carvalho, rectificando um despacho do anterior ministro do Fomento, Hintze Ribeiro, que num acto mesquinho e apressado, antes da chegada dos dois únicos navios que nesse ano de 1885, o Julia I da Figueira da Foz e o Gazella de Lisboa, se aventuraram a pescar bacalhau nos mares da Terra Nova, determinava que as Alfândegas cobrassem aos navios portugueses o mesmo imposto que era devido pela importação de bacalhau do estrangeiro, em vez do imposto do pescado do bacalhau salgado em verde.

Esta medida fiscal visava exclusivamente arrecadar para os cofres do reino uns míseros contos de reis, matando à nascença a ousadia e o risco que alguns comerciantes, fartos de comprarem bacalhau aos monopolistas estrangeiros, intentaram em mandar armar e equipar dois navios para ir pescar o "fiel amigo" aos mares da Terra Nova, como nos Séculos XV e XVI os seus antepassados haviam ousado.

No ano de 1915 os navios partiram no fim de Maio e chegaram no fim de Outubro. Talvez não seja alheia a este atraso, a indefinição sobre se deviam ou não ir naquele ano à Terra Nova. Repare-se que do Porto e de Aveiro não saíu nesse ano qualquer navio para a pesca do bacalhau.

Nesse ano, a Parceria de Pescarias de Viana,"Depois de larga discussão, resolveu que o bacalhau seja vendido à comissão, (presume-se que seja a Comissão Reguladora do Comércio do Bacalhau) visto que outra forma de venda exigia serviços vários que muito prejudicariam os interesses daquela parceria".

Num acto digno de registo, a parceria resolveu ainda nesse ano vender à Câmara Municipal de Viana do Castelo, 6.000 quilogramas de bacalhau com um abatimento de 2$000 reis sobre o preço de mercado, com a condição que esse bacalhau fosse vendido a retalho às classes mais pobres, como forma da Parceria ir ao encontro das necessidades e carências da população de Viana do Castelo.

Fontes: A Aurorado Lima: 11-11-1885; 19-04-1886; 08-06-1915; 02-11-1915; 19-11-1915

Viana do Castelo, 2010-04-18

Manuel de Oliveira Martins

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17
Abr 10

A SECA DO BACALHAU

 

O bacalhau "Gadus Morhua", depois de capturado, pelas linhas e aparelhos dos pescadores, embarcados nos pequenos botes de madeira - os dóris - era trazido para bordo do navio-mãe onde era processado. A primeira operação feita ao fiel amigo era o "trote",(1) seguia-se o partir da cabeça, a escala,(2) lavagem e salga.

 

1 - Bacalhau - Gadus morhua


O bacalhau depois destas operações, apresenta a forma espalmada, como o conhecemos comercialmente, sem a parte trífida da espinha dorsal, e é salgado nos porões em panas e hinos (3) até ao final da viagem, sofrendo o efeito de prensa, espalmando-o e comprimindo-o em espessura.


 

2 - Dóri  cheio de bacalhau

 

Nos dias de hoje a operação de prensagem (4) é diminuta. O bacalhau é, na maioria ou quase todo, importado da Noruega e da Islândia, onde permanece pouco tempo salgado e prensado, por isso se houve vulgarmente as cozinheiras mais antigas dizerem que o bacalhau já não é como antigamente, não cresce na panela.

Depois de descarregado, o bacalhau ia para a seca onde era lavado e colocado em pilhas ou prensas, ficando, o que vinha por cima no navio, por baixo nas prensas da seca a escorrer, sendo o último a secar, como forma de compensar a falta de prensagem que o bacalhau que foi pescado por último não recebeu, comparado com o que foi pescado primeiro que aguentou o peso do outro que foi colocado por cima e ficou sujeito ao balanço do navio que o foi acamando de tal forma que à descarga o bacalhau do fundo dos porões, de tão comprimido, era difícil de arrancar.


 

3 - Seca do Cais Novo - Darque


Em Viana existiram secas de bacalhau, primitivamente no Campo do Castelo, no Cabedelo, nas Azenhas de D. Prior e no Cais Novo em Darque.

Antes de existirem as empresas de pesca do bacalhau em Viana do Castelo, já se secava bacalhau nas secas do Cabedelo. A empresa Bensaúde  & Cia  de Lisboa, que na altura não tinha ainda as secas no Barreiro, vinha secar o bacalhau a Viana atendendo às excelentes condições de secagem. Ainda em 1914 o lugre "Gamo", com 3.000 quintais, comandado pelo capitão Manuel dos Santos Labrincha e o patacho "Neptuno" , com 3.500 quintais, comandado pelo capitão João José da Silva Caldas daquela empresa, vieram descarregar as safras (5) desse ano para secarem em Viana. As casas importadoras do "fiel amigo" que operavam há longos anos em Viana e no Porto, como era o caso de Lind&Couto, Hunt, Roope e Teague, Lda., também secavam o bacalhau importado em verde nas secas de Viana.


 

4 - Escala de bacalhau a bordo de um bacalhoeiro


A Parceria de Pescarias de Viana quando se formou, resolveu adquirir terrenos apropriados à implantação de uma seca de bacalhau. Encontrou esses terrenos, abrigados do ar do mar, com pouca humidade e expostos aos ventos do Norte, mais secos que os do quadrante sul, no Cais Novo a montante da ponte Eiffel.

Nem sempre é possível encontrar o lugar ideal, que reúna todos os parâmetros necessários, temperatura, humidade, exposição solar, etc, porém , o local escolhido pela Parceria de Pescarias de Viana, reunia o mínimo indispensável para o efeito. Não é por acaso que o bacalhau da seca de Viana tinha fama em todo o país. Naturalmente que outros factores influíram para a fama criada, como seja o maneio e o tipo de cura, mas a secagem é fundamental para o paladar do gadídeo.(6) Nem muito sol nem muita humidade, são os ingredientes básicos, para além das voltas e cuidados que se deve ter com o peixe.


 

5 - Mesas de secagem do bacalhau


A seca do Cais Novo da Parceria de Pescarias de Viana estava maravilhosamente implantada entre o rio Lima a Norte, os campos verdejantes de Darque a Leste, os montes do Galeão e do faro d'Anha a Sul e os pinheirais do Cabedelo a Oeste. Tinha um equilíbrio climatérico benéfico para a secagem, sem necessidade de grande trabalho em retirar o pescado nos picos de calor, possuindo por baixo das mesas de secagem um coberto vegetal que lhes transmitia um aroma e frescura propícios à secagem equilibrada.

Os armazéns da seca do bacalhau destinados a receber o fiel amigo proveniente das capturas dos navios da Parceria que naquele ano de 1914 foram aos mares da Terra Nova, ficaram concluídos em 30-10-1914, quase na mesma altura da chegada do primeiro navio à barra de Viana, que foi como referi atrás o Santa Maria em 27-10-1914.

Foi encarregado dos trabalhos de construção o conceituado e competente mestre de obras sr. José Gonçalves do Rego Viana, que foi elogiado por muitas pessoas, "especialmente pelos capitães dos navios de pesca do bacalhau, que affirmam não haver melhor lá fora".

Como nota última, convém referir que o primeiro bacalhau seco na seca do Cais Novo em Darque foi comercializado pela firma Lind & Couto na qualidade de concessionária.

Glossário:

(1) - "Trote" - Golpe que o "troteiro" dá no bacalhau, com uma faca de trote,desde a queixada até ao fundo da barriga, esventrando-o e eviscerando-o.

(2) - Escalar - Abrir o bacalhau pela barriga com uma faca apropriada, chamada faca de escalador, retirar-lhe a parte trífida da espinha dorsal de forma que fique aberto e espalmado.

(3) - Panas e hinos  - Pilhas transversais de salga do bacalhau nos porões.

(4) - Prensagem - Operação a que é sujeito o bacalhau devido às camadas sucessivas de um sobre o outro nos porões do navio e depois em terra após a lavagem.

(5) - Safra - Produto da campanha, quantidade de peixe pescado.

(6) Gadídeo - Diz-se da família de peixes teleósteos cujo género tipo é o gadus, como o bacalhau, gadus morhua.

Fontes:

A Aurora do Lima : 16-10-1914, 30-10-1914

Fotografias:

4 - A Epopeia dos Bacalhaus - Francisco Manso e Óscar Cruz

3 e 5 - Viana e o mar - G.D.C.E.N.V.C.

2 - História da Pesca do Bacalhau;Arquivo CRCB - Mário Moutinho

Viana do Castelo, 2010-04-17

Manuel de Oliveira Martins

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( CONTINUAÇÃO )

 

O início da actividade da Parceria foi cheio de sobressaltos. O lugre "Santa Luzia", quando saía a barra de Viana do Castelo, no dia 06-05-1914, com destino aos bancos, viu-se em apuros, sendo prontamente socorrido pelas catraias dos pilotos, que, depois de um trabalho árduo e desgastante conseguiram evitar que lhe acontecesse o mesmo que ao lugre "Santa Maria", verificando-se mais uma vez a necessidade de um rebocador para atender nestas circunstâncias.

A viagem do "Santa Luzia" para os Bancos efectuou-se com excelentes condições para a navegação à vela tendo demorado apenas 15 dias de viagem, porém, à chegada ao banco, foi surpreendido por uma violenta pancada contra um growler,(1) tendo resistido ao impacto devido à forte solidez da sua construção.

Não ficaria por aqui a história da 1.ª viagem do "Santa Luzia" aos mares da Terra Nova. Concluída a safra e com 3.500 quintais de bacalhau graúdo estivado e salgado nos porões, o capitão do "Santa Luzia", sr. João Fernandes Mano mandou dar a volta à faina (2) e rumou a Viana no dia 11 de Outubro de 1914. A viagem correu normalmente até ao dia 24 de Outubro, altura em que apenas a dois dias da chegada, faleceu a bordo o pescador Custódio Rolão Léguas, de 28 anos, casado, natural da Fuzeta, no Algarve, que deixou dois filhos e viúva. O falecimento do infeliz pescador foi provocado por um ataque cerebral, como ficou registado no Diário de Navegação, sendo o cadáver lançado à água, vinte e quatro horas depois, às 8 horas do dia 25 de Outubro de 1914, na posição de 40º 28' 11" de Latitude Norte e 20º 17' 42" de Longitude Oeste de Greenwich, na presença do capitão, oficiais, mestrança e marinhagem

O cadáver, depois de preparado conforme os procedimentos habituais de bordo, "foi envolto n'um cobertor e enleado n'outros pannos cosidos a palomba,(3) sendo antes d'isso lavado e vestido com a sua melhor roupa". Feitas as orações e preces, encomendando a sua alma a Deus pelo descanso eterno, foi colocado numa prancha no portaló (4) de bombordo e à voz rouca de comoção do capitão - Ao mar - a prancha foi inclinada e o corpo caiu ao mar afundando-se nas profundezas do oceano, por acção de pesos colocados nos pés do defunto.

No peíodo heróico da "Epopeia do Bacalhau" que está ainda por contar, foram muitos os acontecimentos funestos como este que ensombraram de tristeza e dor os corações de muitas famílias.

Entretanto, no dia 27-10-1914 tinha entrado a barra de Viana e ancorado na bacia da doca, o lugre "Santa Maria" que partira para os bancos a 20 de Maio e fizera uma excelente campanha tendo levantado ferro (5) a 13 de Outubro de regresso a Portugal, com 3.500 quintais de bacalhau fresco.(6)

O lugre "Santa Luzia" que levantou ferro nos bancos no mesmo dia  do "Santa Maria", era esperado com ansiedade por familiares, amigos e armadores. O navio esteve à vista de Montedor no dia 28 de Outubro a cerca de 11 milhas, mas, devido ao temporal que ameaçava incrementar, amarou (7) e correu (8) até alturas de Lisboa  aguardando melhoria de tempo para se aproximar de Viana.

O Santa Luzia, carregado com 3.500 quintais de bacalhau graúdo acabaria por entrar a barra de Viana ao fim de seis longos meses, no dia 6 de Novembro de 1914, de velas enfunadas (9) menos no mastaréu (10) de prôa que se partiu ainda o navio estava nos bancos em plena faina.

Glossário:

(1) Growler - Pedaço de gelo proveniente de um campo de gelo em decomposição com o peso de aprox. 20 tons

(2) Faina - Serviço de bordo em que está empregada parte ou toda a tripulação

(3) Palomba - Ponto usado para coser as tralhas das velas

(4) Portaló - Abertura na amurada, por onde se entra e sai do navio. O de Bombordo é chamado portaló de honra.

(5) Levantar ferro - Suspender a âncora

(6) Bacalhau fresco - Bacalhau salgado por secar, também se diz " bacalhau verde"

(7) Amarar - Seguir para longe da costa

(8) Correr - Navegar com o mar à popa ou na alheta por não poder aguentar-se de outra maneira
(9) Enfunar - Encher de vento, também se diz de velas pandas

(10) Mastaréu - Pequeno mastro por cima do mastro real

Fontes:

"A Aurora do Lima" - 06-05-1914; 08-07-1914; 16-10-1914; 28-10-1914; 04-11-1914; 09-11-1914

Museu Municipal - Últimos veleiros do Porto de Viana: Lugre "Santa Luzia"

Viana do Castelo 2010-04-15

Manuel de Oliveira Martins

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OS PRIMEIROS NAVIOS DA PARCERIA

 

Depois de constituída a Parceria, tendo como objectivo a exploração do "fiel amigo" nos mares da Terra Nova era necessário apetrechá-la dos meios de captura dessa espécie, os navios.

Embora já nessa altura a pesca do arrasto estivesse a dar os primeiros passos com navios movidos a motor, a predominância dos navios à vela era ainda superior, por isso foi decidido pela gerência depois de auscultar a Comissão Consultiva, adquirir na América dois veleiros, os lugres "Santa Luzia" e "Santa Maria".

O lugre "Santa Luzia", primeiro navio adquirido pela Parceria em Nova Iorque, fez a travessia do Atlântico apenas com 4 homens de tripulação, para além do capitão Joaquim Fernandes Batata sendo um deles o piloto, outro o cozinheiro e dois marinheiros.

Foi de grande ousadia enfrentar tão desgastante viagem com tão poucos homens, num navio tão trabalhoso como é um navio à vela, facto que se regista, dando um louvor a tão valentes como arrojados homens do mar, sinal que ainda havia marinheiros nesse tempo.

O segundo navio comprado na América pela Parceria de Pescarias de Viana, foi o lugre "Santa Maria" que fez a viagem de Gulfport no Golfo do México à barra de Viana em 34 dias de viagem, o que se reconheceu na época como uma travessia muito rápida.

Ao chegar à barra de Viana do Castelo no dia 23-02-1914, o temporal era grande, pelo que o navio sómente se aproximou à distância necesária para ser reconhecido e "fez prôa de O.N.O. e lá se sumiu pelo interior do mar".

O temporal na costa portuguesa foi tão intenso que nos dias 21 a 26 de Fevereiro de 1914, nada entrou ou saiu do porto de Viana. No dia 27, como o tempo melhorou um pouco, entraram o vapor alemão "Christine Sell" do comando do capitão P. Viereck, de 777 tons, 15 tripulantes e carga de carvão de pedra, consignado à Fábrica do Gás, procedente de Newcastle com 10 dias de viagem e de Villa Garcia com 1 dia de viagem o vapor "Jamaica" do comando do capitão Torbjorn Vik, de 790 tons e 14 tripulantes, vazio, consignado a D. Eduardo Puentes Duval. Nesse mesmo dia saiu para Las Palmas, o vapor "Valhall" do comando do capitão Danier Thoraldsen, de 750 tons e 14 tripulantes com carga de madeira em pacotes. No dia 28 de Fevereiro nada entrou ou saíu, mantendo-se fora da barra o lugre "Santa Maria", aguardando condições favoráveis para entrar.

No dia 28 de Fevereiro de 1914, sábado, quando entrava a barra de Viana "com vento N franco e mar um tanto agitado", faltou o vento ao lugre "Santa Maria" próximo do Bugio, foi largado imediatamente o ferro que garrou (1) indo o navio encalhar na ponta da Tornada. A assistência da parte do salva-vidas foi rápida, mas devido à impossibilidade deste se aproximar do navio por causa da forte rebentação, optaram por lançar à água a jangada que apanhou uma retenida do lugre passando-a para a catraia dos pilotos e esta a atou a um grosso cabo que foi preso no Bugio no intuito de manter o navio aproado ao mar.

Foi mais uma vez notória a falta de um rebocador que prestasse assistência aos navios na entrada e/ou saída. A pronta intervenção do Capitão do Porto que solicitou a Leixões a vinda de um rebocador, não resultou  por que o rebocador "Mars" que chegou a sair às 6 horas, teve que retroceder e regressar a Leixões devido "ao muito mar e vento".

Cedo se reconheceu que atendendo ao muito mar que implacávelmente batia contra o costado do navio e as marés serem mortas seriam infructíferas quaisquer esforços que se intentassem naquele momento.

Entretanto, a corporação dos pilotos reuniu em consulta, estando presente o sr. Capitão do Porto e decidiram por unânimidade, propôr que se fizesse um rombo no costado do lugre, afim de que este "assentando no fundo, não batesse quando axovalhado (2) pelo mar". Os entendidos acharam esta sugestão boa tendo-se verificado posteriormente que tinha dado resultado, caso contrário o navio teria sido desfeito.

Apesar destas medidas acidentais para evitar o pior, o navio acabou por partir ao meio, na tarde do dia 2-3-1914, acabando por se perder, sem ter feito viagem alguma aos mares da Terra Nova, ao serviço da Parceria.

O lugre "Santa Maria" viria a ser substituído pelo lugre "TYN" que entrou em Viana do Castelo em 29-04-1914  a reboque do vapor "Arcádia".

Glossário:

(1) - Garrar - Ir o navio arrastando o ferro ou ferros pelo fundo, sem estes fazerem presa sufuciente para aguentar o navio

(2) - Axovalhado - acossado pelas ondas

Fontes:

A Aurora do Lima: 02-03-1914, 29-04-1914

Viana do Castelo, 2010-04-15

Manuel de Oliveira Martins

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11
Abr 10


Realizou-se ontem dia 10 de Abril de 2010 cerca das 10.30 horas, na Sala Couto Viana da Biblioteca Municipal de Viana do Castelo, o lançamento do livro PILOTOS DA BARRA DE VIANA DO CASTELO-100 ANOS DE HISTÓRIA (1858-1958), da autoria de Manuel de Oliveira Martins.
A cerimónia foi presidida pela vereadora do pelouro da cultura, Dra. Maria José Guerreiro, em representação da Câmara Municipal de Viana do Castelo. O Presidente da Junta Directiva do CER - Centro de Estudos Regionais Dr. Arnaldo Ribeiro, abriu a sessão fazendo uma breve resenha do evento e doutros que o CER vai realizar e de seguida deu a palavra ao Mestre em História José Carlos de Magalhães Loureiro que apresentou o livro duma forma clara, precisa e brilhante que entusiasmou a assistência que encheu por completo o espaço sentado do auditório.
Foi a vez do autor Manuel de Oliveira Martins tecer algumas considerações sobre a razão de ser e a importância do livro. Focou alguns aspectos da actividade da pilotagem, nomeadamente o risco e a responsabilidade a que estão sujeitos os profissionais desta classe. Por fim agradeceu os contributos que recebeu de pessoas e patrocinadores que duma forma pessoal e material contribuíram para a edição deste livro.
A Dra. Maria José Guerreiro encerrou a sessão invocando o seu desconhecimento sobre esta actividade tão relevante e dando a conhecer um projecto em curso sobre a actividade piscatória e os pescadores da ribeira de Viana com o objectivo de perpetuar factos e acontecimentos desta classe.
Terminada a sessão seguiu-se um brinde de honra, surpresa oferecida pela filha do autor Carmélia Martins,  e autografar do livro.
O livro foi editado pelo CER - Centro de Estudos Regionais e está disponível para quem pretender ao P.V. P. de € 15,00 podendo solicitá-lo através do mail : estudosregionais@sapo.pt


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10
Abr 10

A PARCERIA DE PESCARIAS DE VIANA

 

No início do mês de Julho de 1913 reuniram-se na Associação Comercial de Viana do Castelo um grupo de cavalheiros para traçar as bases gerais da constituição de uma sociedade destinada a explorar a pesca do bacalhau nos mares da Terra Nova.

Noutros portos do país, Lisboa, Figueira da Foz, Aveiro, Douro já existiam navios que iam à pesca do bacalhau, contribuindo assim para diminuir a factura da importação deste produto tão apetecido e apreciado pelos portugueses. O comércio do bacalhau estava a ser feito essencialmente por importadores ingleses que possuíam armazéns em diversos portos do país nomeadamente, no Porto e em Viana do Castelo, como era o caso de Lind & Couto e de Hunt, Roop, Teague & Cia.

Nessa reunião foi completado o capital inicial de 50 contos, subscrito pelos parceiros, o que permitiu a aquisição de dois navios e marcado o dia da escritura.

Para a constituição do capital social foi necessário recorrer a capitalistas estranhos à cidade por que os naturais subscreveram a medo pequenas quantias, permitindo que outros, entre eles os capitães dos navios, fizessem parte da empresa.

A iniciativa da constituição desta parceria teve tão grande impacto a nível nacional que, mesmo depois de concluída a subscrição, que teve larga divulgação a nível regional e nacional, apareceram capitalistas interessados, pondo à disposição avultadas quantias, entre eles um capitão de navios mercantes. Em Viana do Castelo a subscrição estava a cargo do escrivão-motário sr. João Baptista Ferreira, na rua de S. Sebastião (actual Manuel Espregueira).

Face ao volume de ofertas, a parceria resolveu alargar o capital social e mandar construir mais um navio, de forma que a frota ficasse constituída de três novas e modernas unidades.

 

 

Lugre Santa Luzia, um dos três navios da Parceria de Pescarias de Viana


Na reunião realizada na Associação Comercial ficou esboçada a constituição da Comissão Administrativa, tendo sido apontado o nome do Dr. Gaspar Teixeira de Queirós, que foi o mentor e grande impulsionador da parceria, para Presidente.

No dia 16-08-1913, depois de subscrito um capital social de 80 contos, foi assinada no escritótio do Dr. Cortez, na cidade de Viana do Castelo, a escritura da constituição social da Parceria de Pescarias de Viana. A sede social foi fixada na cidade de Viana e foi eleito gerente o conceituado e conhecido industrial  Sr. Jules Devèze, por tempo indeterminado, a quem competia a direcção dos interesses da parceria. Foi conjuntamente eleita uma  Comissão Consultiva formada pelos Sr. Conselheiro Dr. José Malheiro Reymão, Dr. Gaspar Teixeira de Queirós Coelho e Castro e Vasconcellos e o sr. João Baptista Ferreira.

 

Fontes: A Aurora do Lima- 2,4,7,9, e 14 de 1913 e 22-08-1913

Museu Municipal de V. Castelo - Últimos Veleiros do Porto de Viana

Viana do Castelo, 2010-04-05

Manuel de Oliveira Martins

publicado por dolphin às 00:01

09
Abr 10

8- NAUFRÁGIO DO "RODOLFO"

 

O palhabote "Rodolfo" era um pequeno navio de 250 toneladas, construído em 1898 nos Estaleiros do Cais Novo. Recebeu o nome em homenagem a um apaixonado pela navegação à vela, como foi no seu tempo Rodolfo Vieitas Costa.

Foi construído com um objectivo, transportar toros de madeira de 20 metros de comprimento  para a construção de pontes nas minas de S. Domingos por isso possuía uma espécie de janela aberta na prôa.

Em relação ao comprimento era um navio bastante estreito, de pequena boca, por isso com carga leve, navegava com a borda a rasto e , bem carregado, adornava muito, o que o tornava perigoso nos meses de inverno, tendo sido por isso mesmo alcunhado de "navio dos credos".

 

 

Palhabote "Rodolfo"

 

No dia 20 de Janeiro de 1909 cerca das 08.00 o palhabote "Rodolfo", da praça de Viana do Castelo, propriedade  do sr. João António Magalhães Viana Júnior, grande industrial, comerciante e armador de navios Vianense, naufragava num banco de areia formado no canal da barra, por acção da cheia do dia 22 de Dezembro de 1908.

O navio procedia de Setúbal com um carregamento de sal e cimento e estava seguro na Companhia Confiança Portuense, bem como parte do carregamento.

A tripulação, como o mar estava agitado e partia junto ao navio, para não ser posta em perigo, foi aconselhada a desembarcar e a vir para terra no barco salva-vidas, perdendo todos os seus haveres. Igualmente todos os aprestos do navio, incluindo toda a documentação e livros de bordo foram perdidos.

Foi feito telegráficamente um pedido ao Departamento Marítimo do Norte, solicitando a vinda de um rebocador e imediatamente foi dada provisão a este pedido, zarpando de Leixões o reboque "Tritão" que  chegou à barra de Viana cerca das 15.30, contudo, devido à forte agitação do mar e ao adornamento do "Rodolfo", nada pôde fazer.

O "Rodolfo" acabou desfeito pela fúria do mar que batendo contra o costado o desfez em pouco tempo.

 

Fontes: A Aurora do Lima 21-01-1908; Museu Municipal-Últimos Veleiros do Porto de Viana

Viana do Castelo, 2010-04-01

Manuel de Oliveira Martins

publicado por dolphin às 00:40

05
Abr 10

Para os pescadores do mar de Viana e para a navegação em geral, os baixios existentes a Noroeste da barra de Viana a cerca de 5,5 milhas, apesar de navegáveis, constituíam um perigo, principalmente com temporal de Noroeste "o mar rompe violentamente sobre elles, e dizem os velhos que se teem alli dado muitos naufrágios".

Chamam-lhe "as sumalhas" para se referirem às pedras onde costumam pescar quando está calma e de que se contam histórias de naufrágios, segundo a tradição oral dos velhos pescadores da Ribeira de Viana.

Dizia um desses "lobos do mar" que um dia quando pescava aos congros sobre as sumalhas trouxe na linha uma caveira humana e muitas outras e destroços de navios tinham sido capturados e içados nos aparelhos de pesca. Outro chamava-lhe "cemitério de muitas vidas", tal eram os desastres aí ocorridos e que perduraram na memória dos pescadores que apesar da ousadia e arrojo as temiam quando o mar alteava.

Vem isto a propósito da lembrança que fizeram ao Comandante da canhoneira Limpopo, 1.º Tenente Manuel Mendes Norton, um vianense que chefiava a missão encarregada de efectuar um roteiro da Costa Norte de Portugal, desde Viana até Leixões, com o objectivo de encontrar e mencionar nesse roteiro os baixios que existem e que não estão mencionados nos velhos roteiros.



Os cartas náuticas e roteiros feitos a partir de Outubro de 1912 passaram a assinalar os baixios das sumalhas, situados na posição 41º 42' 30" N e 08º 57' 00" W tendo de profundidade 11 braças (cerca de 20 metros).

Deve-se pois a um vianense este feito que passa despercebido à maioria das pessoas mas de muita importância para a navegação.

Fontes: A Aurora do Lima -26-10-1912;

Carta Náutica do Noroeste de Portugal-Rio Minho a Espinho-Novembro de 1913

Viana do Castelo, 2010-04-04

Manuel de Oliveira Martins

publicado por dolphin às 21:33

01
Abr 10

7-FAROL DE MONTEDOR


A necessidade de dotar  a costa norte de Portugal entre Vigo e o Porto de um farol era premente, devido ao grande número de navios que passavam ao longo da costa, quer da aproximação aos portos de Viana do Castelo e do Porto. A ilustrar esta situação, o articulista do jornal "A Aurora do Lima" referia no nº 1765 de 23-09-1867, "Não há um único pharolim, e, vergonha é dizê-lo, até aos navios que demandam o fundeadouro ao sul da barra de Vianna lhes serve de guia uma pequena luz, que todas as noites  os pescadores collocam junto a um nicho onde está um santo, no forte da barra chamado Fortim".




Pela sua elevada posição e também pelo facto de formar naquele ponto um ângulo reentrante pelo mar (cabo), o monte de Montedor era o local mais indicado para se implantar um farol. A esta conclusão já antes tinha chegado uma comissão de oficiais de Marinha que há mais de 4 anos fizeram um estudo para este efeito e que apresentaram no Ministério da Marinha sem contudo ter sido tomada qualquer providência, como era reclamado com urgência.




Como já referi noutro post anterior, o projecto do farol de Montedor iniciou-se em 1883 e só 27 anos depois, em 20 de Março de 1910 é que foi inaugurado, fez há dias um século. Tive pena de não poder estar presente na cerimónia das comemorações, mas outros afazeres importantes coartaram-me essa presença.

 

Fontes: A Aurora do Lima, n.º1765 de 23-09-1867

M. Marinha - Lista de faróis de 1960

Viana do Castelo, 2010-10-27

Manuel de Oliveira Martins

publicado por dolphin às 23:27
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