Blog que retrata os acontecimentos do mar e porto de Viana e arredores, nos bons e maus momentos, dos pequenos aos grandes senhores.

09
Jun 15

 

Na história económica da cidade do Porto, um nome emerge nos anos 30 do século XIX, Ferreira Borges, como o obreiro da organização e implementação da Associação Comercial do Porto, que congregava vários interesses económicos. Nos finais dos anos 30, aí por 1838, surge um movimento embrionário da que viria a ser chamada Associação Artista e Industrial da Cidade do Porto[1] que depois de vicissitudes várias, a que não foram alheias as influências políticas e a própria Associação Comercial do Porto, viria a ver aprovados os Estatutos em 1849, tendo como mentor e principal impulsionador, José Vitorino Damásio, adotando o nome de Associação Industrial Portuense (AIP) – atualmente Associação Empresarial de Portugal (AEP).

Estas duas associações, Comercial e Industrial, constituíram, após a sua formação, motores fundamentais de crescimento e influência do Porto, na defesa dos interesses dos seus associados e da região, junto do poder central.

No momento presente, mais uma vez a Associação Comercial do Porto vem em defesa dos interesses da segunda maior Área Metropolitana de Portugal, confrontando o poder central, pondo em causa a pretensão de Lisboa construir um porto de águas profundas no Barreiro, em detrimento da construção de um terminal ferro-marítimo e de um cais em Leixões, que possibilite a atracagem a navios porta contentores «Post-Panamax» com 14 metros de calado, como estava previsto no Plano Estratégico de Transportes para o setor portuário, elaborado em 2011.

É o lobie do Porto a funcionar, como progenitor a quem lhe tiraram a cria, atacando, qual urso ferido, levando aos mais altos magistrados da Nação, o seu ronco forte e determinado.

Foi assim sempre ao longo da história da cidade invicta.

Viana, também já teve os seus lobies. Nesses tempos idos, conseguiu algumas concessões do poder central, através das influências de figuras como Joaquim Pedro de Oliveira Martins, eleito deputado pelo círculo de Viana em 1886; Manuel Espregueira, ministro do fomento; Dr. Gaspar Teixeira de Queirós, Juiz de Direito, grande impulsionador do desenvolvimento de Viana no início do século XX;  Dr. Ramos Pereira, ancorense, deputado por Viana; João Alves Cerqueira e Vasco D’Orey, industriais do ramo da pesca e fundadores dos ENVC; foram alguns dos protagonistas que conseguiram não deixar morrer Viana do Castelo, depois do período áureo do comércio do açucar brasileiro.

Viana do Castelo precisa de despertar depois do afundamento de duas empresas âncora, sustentáculos da economia da região (a EPV e os ENVC). As forças vivas têm de se constituir em lobie que afirme categoricamente as potencialidades e reais necessidades da região do Alto Minho.

A propósito do país costuma-se dizer que Portugal só foi GRANDE quando se virou para o mar; o mesmo sucedeu com Viana, que só foi GRANDE quando se virou para o seu porto de mar, no qual é preciso investir e não deixar morrer.

Viana do Castelo, 2015-02-14

Manuel de Oliveira Martins

maolmar@gmail.com

 

[1] ALVES, José Fernando – O emergir do associativismo industrial do Porto (meados do séc. XIX)

Publicado no jornal «A Aurora do Lima» n.º 11 em 2015-03-19

publicado por dolphin às 17:38
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