Blog que retrata os acontecimentos do mar e porto de Viana e arredores, nos bons e maus momentos, dos pequenos aos grandes senhores.

02
Dez 15

 

Já vai sendo hábito os governantes atuarem atrasados ou nem sequer tomar posição, e muito menos tomar medidas de combate às tragédias.

Normalmente, as pessoas bem instaladas na vida não se dão conta dos sofrimentos e privações por que passaram aqueles a quem a sorte foi madrasta.

Diariamente as televisões mostram-nos imagens da tragédia do «mar da morte» (mar Mediterrâneo), que foi berço de civilizações e está agora transformado em cemitério de inocentes que fogem à guerra e à fome.

Há muito que deviam ter sido tomadas medidas preventivas que evitassem esta catástrofe. Já escrevi que a solução para o problema das migrações não passa pelo êxodo para países de acolhimento, mas sim pela resolução do problema na origem. Ninguém deixa a terra onde nasceu se lá encontrar condições dignas de sobrevivência.

Face ao agudizar do problema migratório (fruto de situações diversas), da África Subsariana (fome) e do Médio Oriente (guerra) para a Europa, há muito que os responsáveis Europeus deviam ter preparado planos de acolhimento para evitar os cenários confrangedores a que estamos a assistir.

A seguir ao 25 de abril, Portugal recebeu largos milhares de pessoas (a que indevidamente chamaram «retornados», alguns eram outros não) sofrendo um aumento da população de cerca de 10%. Foi uma saga já contada por alguns, que deixará memória por muitos anos e que também não teve um plano estratégico de retirada, houve muito improviso, aventura e risco. Felizmente não houve mortes. As pessoas integraram-se gradualmente na sociedade portuguesa que as acolheu solidariamente, embora com «resmungos» de alguns sectores.

Alguns países da comunidade europeia estão renitentes em aceitar os surtos de emigrantes da Síria, porventura com receios da entrada de membros do «estado islâmico» que possam vir disfarçadamente integrados nas avalanches desordenadas de migrantes. Se atempadamente tivessem sido tomadas medidas preventivas (pontos de encontro e corredores de evacuação com transportes adequados) nada do que se está a passar teria acontecido e teria havido um controlo de entrada eficaz com conhecimento de quem entrava, para onde ia e onde ficava localizado, permitindo assim gerir as pessoas e apoiá-las quer nas necessidades imediatas, quer na integração junto das comunidades e entidades de acolhimento. Atualmente encontram-se dispersos por vários países da União Europeia milhares de migrantes ilegais, entre eles possivelmente alguns infiltrados indesejáveis e sem controlo, que poderão criar graves problemas dentro do espaço comunitário, e não só, no futuro imediato.

No momento atual a Europa não pode pensar em racionalidade por que o tempo é de solidariedade. Falhou o timing dessa medida (racionalidade). Falharam as organizações internacionais (ONU principalmente) que se limitaram a resolver os problemas imediatos, não tendo uma visão estratégica para este problema em ebulição há bastante tempo e que vinha dando indícios de eclodir a qualquer momento. Era impossível resistir mais tempo, no caso da Síria; os subsarianos há muito que vêm sofrendo fome e outras atrocidades.

O comodismo é inimigo do inconformismo.

Viana do Castelo, 2015-09-05

Manuel de Oliveira Martins

maolmar@gmail.com

 

publicado por dolphin às 23:28
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