Blog que retrata os acontecimentos do mar e porto de Viana e arredores, nos bons e maus momentos, dos pequenos aos grandes senhores.

15
Jun 07
Hammerfest

 
 
Uma vista de Hammerfest em 1970
 
Continuamos a pesca na Noruega, Mar de Barents, Ilha dos Ursos e Spitzbergen, confiantes e crentes nas informações de pesca dos nossos amigos franceses que se antecipavam sempre. Entretanto outros navios portugueses já se nos tinham juntado, os popas “Luís Ferreira de Carvalho”, comandado pelo capitão Humberto Martins e o “Inácio Cunha”, a fazer a primeira viagem sob o comando do capitão Vitorino Ramalheira. Chegavam notícias doutros navios clássicos que vinham a caminho da Noruega, uns partindo directamente dos portos portugueses, outros da Terra Nova onde a pesca estava praticamente nula. Não é que a pesca nos mares do Nordeste Atlântico, onde os portugueses pescavam pela primeira vez estivesse famosa, mas as informações escassas da Terra Nova e alguma curiosidade por novas zonas de pesca motivava os navios à descoberta e à aventura. Era o caso do Santo André e David Melgueiro que estavam em rota para a Noruega.
Antes da emposta (ir de rota para outro pesqueiro) para o mar de Barents, onde mais uma vez os franceses anunciavam capturas dignas de registo, havia necessidade de ir abastecer a Hammerfest, a cidade mais setentrional do mundo, onde diz a lenda, até os cavalos se espantam quando deixa de chover. Era a primeira vez que um pesqueiro português ia a este porto Norueguês, como era a primeira vez que os navios portugueses demandavam tais paragens, por isso não estavam equipados com cartas náuticas de aproximação a este porto, (planos) com excepção do Lutador.

 
A praça principal de Hammerfest em 1970
 
Como o porto era pequeno e o cais não comportava mais que um ou dois navios resolveram ir um de cada vez, começando pelo Lutador que tinha carta náutica e ainda não tinha abastecido. Os outros pediram para comprar cartas náuticas de Hammerfest, mas estavam esgotadas e fui incumbido pelo capitão de copiar a única carta que havia para os outros navios, tarefa que me impediu de durante o dia que estivemos em terra poder passear pela pequena cidade.
Apesar disso fiquei com uma imagem agradável desta pequena mas simpática cidade piscatória da Lapónia Norueguesa, situada a pequena distância do Nordkapp (Cabo Norte) o ponto continental mais setentrional da Europa. O povo Lapão e as renas encantaram-me e guardo na minha memória gratas recordações do pouco tempo que lá passei.
publicado por dolphin às 19:43
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Caro Sr. Capitão Martins,

Permita-me só uma pequena correcção ao seu texto, o qual devorei deliciado (bem como a todos os restantes). O Capitão do Inácio Cunha era o José Ângelo Ramalheira . Na altura o Imediato desse Navio era o João José Bastos Pereira, do qual sou filho e, desde há uns "anitos" colega de profissão. Nunca enveredei pelas lides da pesca, mas ao ler os seus escritos, assolam à minha memória todos os relatos feitos pelo meu saudoso pai. Continue a partilhar as suas memórias, pois como diz o poeta recordar é viver.


Pedro B. a 22 de Junho de 2007 às 23:01

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