Hoje recebi uma carta amiga de um amigo de longa data que já não via há muito tempo e que, por coincidência, vim a encontrar no último encontro do Clube de Oficiais da Marinha Mercante, que se realizou em Ílhavo - berço de marinheiros, especialmente oficiais.
Da última vez que nos encontramos, foi há 25 anos quando vim para os Pilotos da Barra de Viana do Castelo e o meu amigo representava uma empresa que estava a construir dois pesqueiros nos Estaleiros Navais de Viana do Castelo - o Verdemilho e o Vista Alegre, este com o nome da terra dele.
Antes de falar da carta, convém dizer que o meu amigo e colega é um poeta nato. A rima sai-lhe fluentemente e isso mesmo esta carta me fez recordar os bons-velhos tempos dos idos de setenta em Moçâmedes. Referiu-me que ainda não perdeu a veia poética. Admiro essa juventude de espírito e desejo que assim continue por muitos e bons anos.
Falando da carta, trata-se de um escrito em verso que encontrou nas recordações que trouxe do seu antigo navio que comandou durante longos e bons anos nos mares da África do Sul, aportando a Moçâmedes para a descarga do pescado para os frigoríficos da ARAN - Associação dos Armadores de Angola.
É uma peça literária enigmática, pelo conteúdo caricatural dos intervenientes, os colegas capitães dos outros navios que nessa altura - anos setenta - operavam naquelas paragens dos mares da África do Sul. Somente alguém dotado de muito sentido de observação, perspicácia e veia poética, pode descrever tão fielmente o perfil dos companheiros de aventura marítima, sem ferir a sensibilidade e enaltecendo sempre as qualidades de cada um.
Parabéns "Almirante", por me ter feito recordar esses tempos maravilhosos que passei nessas paragens, em especial na bela sereia - Moçâmedes - porto de abrigo que nos ajudava a esquecer os maus tempos que passávamos no mar e nos dava ânimo para continuar a nossa faina.