Blog que retrata os acontecimentos do mar e porto de Viana e arredores, nos bons e maus momentos, dos pequenos aos grandes senhores.

02
Fev 10

Estamos em ano de centenário, o da implantação da República. Nesse ano de 1910 mais precisamente a 10 de Julho, pouco tempo antes da revolução de Outubro, era aprovado o projecto do ramal do caminho de ferro para a doca pela Junta Consultiva das Obras Públicas, com o empenhamento desse grande vianense que foi o Conselheiro Manuel Espregueira.

O ramal da doca, no projecto inicial, tinha uma extensão de 1500 metros e estimou-se um custo de 22.000$000 reis, para a sua construção.

Várias vicissitudes, entre as quais destacamos a queda da monarquia e a instabilidade governativa que ocorreu na 1ª República, a que se associou a crise económica, motivada pela nossa participação na 1ª Guerra Mundial, adiaram por oito anos o início das obras do ramal da doca.

 

 

Só em 08-06-1916, depois de muitas petições e representações durante esses anos passados; da Associação Comercial, do Governo Civil, do Presidente da Câmara, do Director das Obras do Porto e Barra de Viana do Castelo, Eng.º Henrique de Carvalho Assunção e do deputado pelo círculo de Viana do Castelo, dr. Ramos Pereira, é que o ministro autorizou a construção do ramal da doca.

Uma semana depois, o engº. Henrique de Carvalho Assunção, em representação da Junta Autónoma do porto e barra, nomeava o arquitecto municipal sr. António Adelino de Magalhães Moutinho, delegado da junta para tratar das expropriações, em consonância com os engenheiros que elaboraram o projecto, cujo traçado seria como refere "A Aurora do Lima" em 15-06-1916 " o ramal do caminho de ferro, partindo da agulha da Portella, entra no quintal da casa do finado general Gama e, passando junto à fonte d' Agonia, que será removida, suprime uma pequena parte do adro, atravessa o campo, corta a praça de touros e, descrevendo uma curva pelo mesmo campo, entra no recintho da doca".

 

 

Este trajecto ia levar muito tempo a ser concluído em consequência do sempre complicado processo das expropriações. O próprio Ministério da Guerra levantou alguns entraves à passagem do ramal pelo Campo do Castelo, exigindo duplo carril. Outros proprietários  de terrenos e prédios, exigiram preços elevadíssimos, reclamando-se, por esse facto, a intervenção  da autoridade para pôr cobro a estes desmandos incomportáveis e impeditivos da construção deste pequeno troço de caminho de ferro.

Estava-se no final da guerra (1914-18) e ainda não se vislumbrava o dia em que se iriam iniciar as obras do ramal, o que só veio a acontecer no célebre dia 5 de Dezembro de 1918, data em que foram lançadas e inauguradas em Viana do Castelo várias obras importantes.

O dr. Gaspar Teixeira de Queirós Coelho de Castro e Vasconcellos, meretíssimo juiz de direito, grande impulsionador do ramal da doca e desenvolvimento do porto e cidade de Viana do Castelo e o Eng.º Rangel de Lima, em representação dos Caminhos de Ferro do Minho e Douro, a convite do sr. Governador Civil, Capitão Ayres de Abreu, atearam o rastilho do primeiro tiro que quebraria a pedra para as obras do ramal. Estava em marcha o caminho de ferro para a doca que tanta tinta tinha feito correr ao longo dos anos e tantos entraves tinha sofrido.

 

Também recentemente esteve em Viana do Castelo  (13-01-2010) o ministro das Obras Públicas para anunciar o Plano Estratégico do Porto de Viana, que contempla os acessos rodo e ferroviários.

O acesso rodoviário está numa fase mais adiantada tendo sido já feitas expropriações em 200 parcelas de terreno. Se juntarmos o valor destas expropriações de 2,1 milhões de euros aos 6 milhões previstos para a construção da via, teremos um custo estimado de 8,1 milhões de euros para a construção de 8,8 Kms que ligarão o porto de mar à A28 no nó da Zona Industrial do Neiva.

 

 

Quanto ao acesso ferroviário, não muito distante do porto de mar, ainda teremos de esperar pelo projecto que está a ser desenvolvido pela REFER, mas que se prevê terá um traçado semelhante ao actual entre a Estação de Darque e o Cais Novo, derivando depois para a esquerda em direcção ao porto de mar.

Esperemos que estes acessos agora anunciados pelo sr. ministro, não demorem tantos anos a concluir como o acesso rodoviário (Avenida dos Combatentes) e ferroviário (ramal do Caminho de Ferro à doca) de há 100 anos.

 

publicado por dolphin às 19:56
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