Blog que retrata os acontecimentos do mar e porto de Viana e arredores, nos bons e maus momentos, dos pequenos aos grandes senhores.

13
Jul 10

O ENCALHE DO DIONE

 

O “Dione”, navio que deslocava 746 toneladas, tinha sido construído em 1951 nos Estaleiros de S. Jacinto para a Empresa Continental de Navegação, Lda. de Lisboa, procedia de Setúbal com sal. Desde o dia 13 de Dezembro de 1956 que se encontrava ao largo de Viana, aguardando melhoria de tempo para poder entrar.

Tendo-se verificado uma acalmia no mar no dia 18-12-1956, mas que não permitia o embarque do piloto fora da barra, o capitão anuiu à sugestou dos pilotos em demandar a barra à sua responsabilidade, seguindo instruções dos pilotos, que na embocadura da barra o aguardavam na lancha para o pilotarem.

Cerca das 15 horas, quando o navio se encontarva com a “Ponta da Tornada” pelo través de estibordo, sofreu um “... violento golpe de mar que o fez perder o governo, encalhou no baixio de areia denominado “Ponta da Tornada” ...”[1].



 

Atendendo a que o navio não conseguia safar-se pelos próprios meios, foi imediatamente pedido o auxílio do rebocador “Rio Vez” da Junta Autónoma dos Portos do Norte (JAPN) que em vão tentou o desencalhe do “Dione”, tendo desistido em virtude do navio se encontrar bem preso ao fundo e a maré vazar com grande força.

Da torre dos Pilotos (donde eram transmitidas instruções para o navio, rebocadores, lancha dos pilotos e  salva-vidas), foram dadas ordens para se estabelecerem cabos do navio para a ponta do cais do Bugio com o intuito de evitar que o navio, devido à acção do mar que batia contra o costado com ondas alterosas, fosse atirado mais para cima da Ponta da Tornada.



 

Foram tentados todos os meios para desencalhar o “Dione” (alguns deles impensáveis nos dias de hoje), enviando para bordo, quando o mar o permitiu, homens para alijar carga do navio durante a noite e “...foi ainda despejado todo o gasóleo que se encontrava a bordo e que eram bastantes toneladas[2]”.

Aproveitando a subida da maré e o alívio de carga e combustível entretanto verificado, e contando com o auxílio de mais um rebocador, pertencente à Empresa de Quebramento de Rocha da Barra “Darque”, cerca das 23 horas foi tentado novamente o desencalhe, mas mais uma vez sem sucesso.

Entretanto, com a força da enchente e o corso do mar, partiram-se os cabos que prendiam o navio ao Bugio atirando-o mais para terra até perto do cais do Cabedelo, onde existiam umas pedras que lhe provocaram alguns rombos por onde começou a meter água, agravando ainda mais a possibilidade de flutuação e desencalhe.



 

Nova tentativa foi feita na maré da tarde do dia 19 com a ajuda do rebocador “Vandoma” que entretanto fora solicitado à Direcção dos Portos do Douro e Leixões e a colaboração do “Rio Vez” que também não surtiu efeitos.

A maré da noite de 19 para 20, por ser a última maré grande da fase da lua, foi aguardada com grande expectativa e esperança, “... mas apesar da boa vontade de quantos trabalharam e dos óptimos serviços prestados pelo rebocador “Vandoma” o “Dione” manteve-se na sua crítica posição.[3]


 

Depois de tantas tentativas e quando já nada previa o desencalhe, este foi conseguido na maré da tarde do dia 23-12-1956 cerca das 19 horas entrando de seguida para o anteporto, para alívio de todos especialmente os pilotos que finalmente ficaram aliviados daquele "monstro" à entrada da barra mesmo defronte da estação de pilotagem.



Fontes:

[1] A Aurora do Lima: 21-12-1956

[2] Idem: Ibidem

[3] Idem: Ibidem

Fotos: Autor desconhecido

publicado por dolphin às 16:00

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