Acabo de ler o livro «Murmúrios do vento» da autoria de Valdemar Aveiro, um grande oficial náutico, mas ao mesmo tempo um escritor de gabarito. A prová-lo estão os livros que já escreveu, nos quais explana duma forma soberba e empolgante a «epopeia do bacalhau» por ele vivida e de outras pessoas que com ele trabalharam nos mares gelados do Atlântico Norte.
Encontramo-nos em Fermentelos, no habitual convívio do Clube de Oficiais da Marinha Mercante da Região Norte. Ambos tínhamos livros para divulgar entre os colegas presentes e, antes do almoço convívio, permutamos as obras que havíamos publicado recentemente, reportadas à pesca do bacalhau em contextos e estilos diferentes.
O meu livro «Viana e a pesca do bacalhau» de caráter mais documental e etno-biográfico, procura registar os factos para memória futura; o livro do Valdemar Aveiro, tem um cunho muito pessoal e humano, vivido em grande parte na primeira pessoa, retrata a saga do homem do mar, em especial o bacalhoeiro.
Valdemar Aveiro, é um narrador nato, que transmite à sua prosa, uma melodia tão intensa que inibria e desperta nos corações mais empedernidos sentimentos de nostalgia e doçura. A forma como aborda as questões, das mais gravosas e difíceis às mais picantes e rocambolescas, cativam o leitor que, embevecido pela narrativa, não despega da leitura até ao termino da cena.
Adquiri o livro antes do Natal de 2013 e só o comecei a ler depois dos Reis em 2014. Em quinze dias absorvi o conteúdo desta obra, vivendo-o como se passado comigo, tão grande a similitude que as nossas vidas, desconhecidas para ambos até aqui, contéem em vários aspetos de caráter e personalidade.