Blog que retrata os acontecimentos do mar e porto de Viana e arredores, nos bons e maus momentos, dos pequenos aos grandes senhores.

13
Ago 17


No dia 15 de julho de 2017, apresentei o meu terceiro livro sobre temas marítimos, no Centro de Mar, situado na face de ré do navio Gil Eannes.

O ato foi muito concorrido e contou com a presença do Sr. Presidente da Câmara Municipal de Viana do Castelo.

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 A apresentação abriu com dois trechos musicais brilhantemente interpretados ao violino pela Dra. Beatriz Barbosa, maestrina do Grupo Coral da Academia Sénior do Centro de Estudos Regionais, calorosamente aplaudida.

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 Seguidamente um grupo de três senhoras interpretaram a sátira medieval – As lavadeiras – da autoria de José Carlos Rego Meira, com algumas referências alusivas ao mar e muito a propósito, muito saudadas pelo público presente.

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 O Dr. José Carlos Loureiro, Presidente do Centro de Estudos Regionais e autor do prefácio, apresentou o livro Naufrágios no «Mar de Viana», saudando o Sr. Presidente da Câmara, o autor e o público presente, fazendo uma breve resenha da obra ora apresentada.

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 Seguiu-se na palavra o autor que leu o texto seguinte:

 

Quando há 43 anos, nos mares gelados da Terra Nova, naufraguei com o penúltimo navio da pesca à linha – o São Jorge da praça de Aveiro, o último, o Novos Mares, ficou para nos salvar – jamais imaginei que um dia tivesse coragem para escrever sobre naufrágios, como aconteceu com este livro que trago à estampa para memória futura, mas, sobretudo, para homenagear todos aqueles que foram vítimas de naufrágios, especialmente os familiares dos náufragos que pereceram.

O sofrimento pela perda de alguém que nos é muito querido, que brota da sensibilidade de cada um, é enorme. A perda do irmão, do pai, do marido, do filho, do amigo é inqualificável.

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 Uma mãe que perde um filho que trouxe no ventre durante 9 meses, saiu das suas entranhas, acarinhou e amamentou no berço, deve ter uma dor inimaginável, para mais quando o cadáver teima em não aparecer como acontece na maioria dos casos. Outras vezes, nem sequer aparece e, se aparece, vem irreconhecível. É um penar dias e dias infindáveis.

Uma esposa que tinha no marido o amor da sua vida e o sustento dos seus filhos, fica destroçada e sente-se sem forças para lutar pela sua sobrevivência e dos seus filhotes, algumas vezes ainda no ventre, outras, recém-nascidos.

Um pai, que tantas esperanças depositou no filho, dele vir a ser um continuador da profissão e, quem sabe, melhor ainda do que ele, fica inconsolável e revoltado com esse mar impiedoso e traiçoeiro que lhe tragou o filho ainda jovem.

O irmão das brincadeiras de criança, das partilhas e confidências mais íntimas da juventude, dos amores que se tem vergonha de contar aos pais. Aquele irmão que estava sempre presente para o melhor e para o pior. Esse irmão sente-se só, abandonado, sem ânimo para prosseguir e com medo do mesmo lhe vir a suceder.

O amigo, o verdadeiro, que ia beber um copo à taberna da esquina (ao Tone Bento, à Zefa, e a tantas outras tabernas e cafés que existem por esse bairro da Ribeira de Viana), ficou sem companheiro para partilhar as anedotas e discutir os últimos resultados da bola, ficou sorumbático e mudo, sem conseguir articular palavra, incrédulo, a pensar na sorte que está subjacente ao pescador, ao marinheiro, ao maquinista, ao imediato, ao capitão, a todos aqueles que andam por sobre as águas do mar.

Só para terem uma ideia das tragédias que na década de 60 do século passado abalaram a martirizada comunidade da Ribeira de Viana, vou enumerar apenas as 8 mais trágicas:

Em 1960, ainda não esquecida a tragédia que no ano anterior tinha vitimado 7 tripulantes do barco de pesca «Arrogante», deu-se o desastre do salva-vidas «Ferreira do Amaral» em que pereceu o mestre César e dois marinheiros durante a missão de salvamento. No ano de 1963 foi a tragédia do barco de pesca com o nome do Beato Frei Bartolomeu dos Mártires, que foi vítima de naufrágio ceifando a vida a 8 pescadores …anda a morte no mar… dizia o redator da «A Aurora do Lima». A meio da década, em 1965 outro acidente trágico acontecia na barra de Viana com o rebocador «Rio Vez», procedente de Leixões, com um batelão a reboque, morrendo todos os oito tripulantes, salvando-se apenas os três tripulantes do batelão – temos a honra de termos hoje aqui presente um desses sobreviventes, o sr. João Trindade Lopes. Ainda em 1965 deu-se o afundamento do barco de pesca «Pérola de Peniche» que levou consigo os três tripulantes. Dois anos depois, em 1967, deu-se a tragédia da Amorosa que apanhou de surpresa grande número de pessoas e crianças que se encontravam naquela praia. Ao todo 8 desaparecidos nas ondas, 8 receberam tratamento hospitalar tendo 4 ficado internados e outros 4 receberam tratamento. No ano seguinte, a Ribeira de Viana voltava a ficar orfã de mais 5 tripulantes do barco de pesca «Jorge Jesus» - temos entre nós um sobrevivente, o Jober que escapou às garras do oceano, como ele descreve no último capítulo do livro, e também o Graciano por ter sido mandrião e ficado a dormir. Ainda não tinha terminado a década e no ano de 1969, não foi um, mas dois acidentes. O primeiro foi o afundamento do navio espanhol «Hermanos Manterola», a 3 milhas do Castelo do Neiva que vitimou 3 tripulantes; o segundo foi a morte de um pescador do barco «Nova Rainha Santa Isabel» na barra de Viana.

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Foi uma década fatídica que registou 26 acidentes, em 8 dos quais tiveram morte trágica 39 pessoas. Felizmente que nos outros 18 sinistros não houve vítimas a registar.

Confinados a este recanto da Europa, os portugueses sempre tiveram o mar como evasão e destino. Ao longo dos séculos pereceram a bordo de navios portugueses, centenas, milhares de homens que tiveram como tumba o mar, desde os descobrimentos até aos nossos dias.

É possível que haja mais, mas só conheço uma localidade da costa portuguesa onde existe um monumento que perpetua a memória daqueles que o mar tragou na sua fúria assassina – Caxinas em Vila do Conde.

Viana, terra de marinheiros e pescadores, tem na sua história trágico-marítima muitas centenas, senão milhares de náufragos. Deixo aqui um apelo à autarquia para numa próxima oportunidade ponderar erigir um monumento que simbolize e perpetue a memória de todos aqueles que o mar vitimou.

PORQUÊ ESTE LIVRO?

Quando há 8 anos atrás fazia pesquisas para o livro «Pilotos da barra de Viana – 100 anos de história (1858-1958)» no jornal «A Aurora do Lima», deparei com inúmeras notícias de naufrágios ocorridos na costa Norte de Portugal. Comecei, então, por prestar mais atenção aos acontecimentos marítimos em geral e não só aquilo que buscava encontrar sobre os pilotos da barra.

Desde 1855, (ano do nascimento deste prestigioso órgão de informação regional, que se tornou na maior fonte histórica de Viana até aos dias de hoje, que é necessário preservar), colhi vasta informação que me permitiu cruzar com outras fontes, para obter os trabalhos que tenho trazido ao vosso conhecimento.

O facto de ter sido náufrago (já lá vão 43 anos) constituiu também um impulso para escrever sobre naufrágios e trazer a lume momentos de tragédia e infortúnio vividos pelos sobreviventes e seus familiares, tantas vezes esquecidos e ignorados daqueles que desconhecem a vida árdua do marítimo, em confronto com forças tão adversas e incontroláveis.

Acresce ainda o facto de ser do meio e aperceber-me que não existe quem escreva sobre esta classe tão desprotegida e abandonada à sua sorte. Por outro lado, era necessário aproveitar os depoimentos daqueles que sofreram acidentes no mar e que ainda aí estão para os contar, como o fizeram com agrado neste livro e que fica para memória futura. Para eles vai o meu agradecimento pela paciência que tiveram em me aturar.

 

O livro é uma compilação de naufrágios e acidentes ocorridos ao longo de mais de 150 anos na costa Norte de Portugal, na zona geográfica que vai da Foz do Rio Minho aos Cavalos de Fão, um pouco a Sul da Foz do Cávado, a que os pescadores chamam de «Mar de Viana», por ser a área de autonomia das suas embarcações em tempos mais recuados, quando a navegação era à vela ou a remos, progressivamente alargada com a introdução do motor às embarcações.

Não se trata exclusivamente de sinistros ocorridos com embarcações de pesca, embora grande percentagem lhe seja devida, mas também à navegação comercial que passa ao longo da costa ou que vem em demanda dos portos de Viana e Leixões e durante a aproximação a terra encontraram baixios ou forças adversas (vento e mar) que os traíram e motivaram o naufrágio.

Este é um resumo muito sintético do livro que hoje vos apresentamos. Ele aí está. Desfrutem-no.

Resta-me agora agradecer: - Ao CER na pessoa do seu Presidente Dr. José Carlos Loureiro que desde a primeira hora apoiou e impulsionou a edição deste livro; à CMVCastelo, na pessoa do Sr. Presidente, Eng.º José Maria Costa que estimulou e patrocinou esta edição; aos náufragos sobreviventes cujos depoimentos muito engrandeceram esta monografia; aos atores, declamadores, encenadores, músicos e outros que animaram esta ato; ao dr. Rui Carvalho e sua equipa que projetaram e executaram o design gráfico deste livro; por último, e mais uma vez à Câmara Municipal, na pessoa da Eng.ª Leonor Cruz, responsável pelo Centro de Mar e sua equipa, pela forma como apoiaram esta iniciativa desde o primeiro momento, pondo ao dispor os meios necessários para que tudo corresse bem e, naturalmente grato a todos vós pela vossa presença.

O meu muito obrigado a todos.

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 Depois da minha intervenção e antes do encerramento pelo Sr. Presidente da C.M.V. do Castelo, assistimos a um momento de poesia, com duas poesias belissimamente declamadas pelo amigo Sr. Manuel Alberto Folgado da Silva - um soneto de seu pai Baptista da Silva e outra de Miguel Torga, acompanhado à guitarra clássica pelo multifacetado Sr. Rego Meira.

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O Sr. Presidente da Câmara encerrou o evento agradecendo ao autor o ter abordado um tema tão pungente e pesaroso, mas real na vida das comunidades marítimas.

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 O livro foi editado pelo CER – Centro de Estudos Regionais e encontra-se à venda na sede – Largo do Instituto Histórico do Minho, ao lado da Matriz de Viana, aberta todos os dias das 14:00 às 17:00 e às 3.ª e 6.ª das 09:00 às 12:00. Também pode ser pedido on-line através dos mails:  estudosregionais@sapo.pt ou geral@cer.pt ou ainda livraria@cer.pt  

 

 

publicado por dolphin às 12:27

25
Jun 16

 

Graças ao empenho da minha amiga Armanda Santos, uma das intérpretes, acabo de assistir à última sessão extra da primeira encenação da peça «Anjo Branco», exibida a bordo do navio-museu «Gil Eannes».

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A divulgação do evento foi tão boa que os bilhetes para as três sessões programadas para os dias 22,28 e 29 de maio esgotaram rapidamente. Ainda bem que a organização resolveu efectuar duas sessões extra nos dias 4 e 5 de junho, de contrário não teria oportunidade de assistir e rever momentos hilariantes e dramáticos, alguns que me fizeram humedecer os olhos de emoção e comoção.

As actrizes e atores das oficinas de teatro Ativa Júnior, Ativa Sénior, Enquanto Navegávamos e do Teatro do Noroeste – CDV, estão de parabéns pela forma como souberam dar vida às cenas comoventes que recriaram sobre a vida a bordo de navios bacalhoeiros da pesca à linha e a bordo do Gil Eannes, bem como a alegria das idas a St. John’s.

A criação artística esteve a cargo do encenador inglês Graeme Pulleyin que soube interpretar e transpor para cena com humor, caso das passagens da cozinha ou das idas a terra ou com dramatismo e angústia as cenas da casa da máquina, da capela, da enfermaria e a memória de Bernardo Santareno nas interpretações do convés. Por esta maravilhosa e comovente encenação os meus parabéns.

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 A todas as pessoas que direta ou indirectamente contribuíram para por em cena esta peça que retrata duma forma fidedigna, quase real, a vida dura da pesca do bacalhau à linha, igualmente os meus parabéns.

Por último quero fazer um repto: quando houver oportunidade levem de novo à cena esta peça. É uma forma de transmitir às gerações vindouras a memória da pesca do bacalhau, que tanto engrandeceu Viana, apesar das agruras por que passaram os verdadeiros intérpretes – os pescadores.

Viana do Castelo, 2016-06-05

Manuel de Oliveira Martins

maolmar@gmail.com

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09
Jun 15

 

Na história económica da cidade do Porto, um nome emerge nos anos 30 do século XIX, Ferreira Borges, como o obreiro da organização e implementação da Associação Comercial do Porto, que congregava vários interesses económicos. Nos finais dos anos 30, aí por 1838, surge um movimento embrionário da que viria a ser chamada Associação Artista e Industrial da Cidade do Porto[1] que depois de vicissitudes várias, a que não foram alheias as influências políticas e a própria Associação Comercial do Porto, viria a ver aprovados os Estatutos em 1849, tendo como mentor e principal impulsionador, José Vitorino Damásio, adotando o nome de Associação Industrial Portuense (AIP) – atualmente Associação Empresarial de Portugal (AEP).

Estas duas associações, Comercial e Industrial, constituíram, após a sua formação, motores fundamentais de crescimento e influência do Porto, na defesa dos interesses dos seus associados e da região, junto do poder central.

No momento presente, mais uma vez a Associação Comercial do Porto vem em defesa dos interesses da segunda maior Área Metropolitana de Portugal, confrontando o poder central, pondo em causa a pretensão de Lisboa construir um porto de águas profundas no Barreiro, em detrimento da construção de um terminal ferro-marítimo e de um cais em Leixões, que possibilite a atracagem a navios porta contentores «Post-Panamax» com 14 metros de calado, como estava previsto no Plano Estratégico de Transportes para o setor portuário, elaborado em 2011.

É o lobie do Porto a funcionar, como progenitor a quem lhe tiraram a cria, atacando, qual urso ferido, levando aos mais altos magistrados da Nação, o seu ronco forte e determinado.

Foi assim sempre ao longo da história da cidade invicta.

Viana, também já teve os seus lobies. Nesses tempos idos, conseguiu algumas concessões do poder central, através das influências de figuras como Joaquim Pedro de Oliveira Martins, eleito deputado pelo círculo de Viana em 1886; Manuel Espregueira, ministro do fomento; Dr. Gaspar Teixeira de Queirós, Juiz de Direito, grande impulsionador do desenvolvimento de Viana no início do século XX;  Dr. Ramos Pereira, ancorense, deputado por Viana; João Alves Cerqueira e Vasco D’Orey, industriais do ramo da pesca e fundadores dos ENVC; foram alguns dos protagonistas que conseguiram não deixar morrer Viana do Castelo, depois do período áureo do comércio do açucar brasileiro.

Viana do Castelo precisa de despertar depois do afundamento de duas empresas âncora, sustentáculos da economia da região (a EPV e os ENVC). As forças vivas têm de se constituir em lobie que afirme categoricamente as potencialidades e reais necessidades da região do Alto Minho.

A propósito do país costuma-se dizer que Portugal só foi GRANDE quando se virou para o mar; o mesmo sucedeu com Viana, que só foi GRANDE quando se virou para o seu porto de mar, no qual é preciso investir e não deixar morrer.

Viana do Castelo, 2015-02-14

Manuel de Oliveira Martins

maolmar@gmail.com

 

[1] ALVES, José Fernando – O emergir do associativismo industrial do Porto (meados do séc. XIX)

Publicado no jornal «A Aurora do Lima» n.º 11 em 2015-03-19

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28
Out 12

Conheci o Dr. Manuel Luciano da Silva por volta de 1958 quando apresentou, no velho cinema de Vale de Cambra, o documentário sobre a Pedra de Dighton. Eu frequentava o 1.º ano  do ensino secundário no Externato Cambrense, quando os alunos do colégio foram em peso assistir à passagem do filme de 8 mm, no improvisado cinema que funcionava numa parte do rés do chão da Pensão Cambrense, contígua à antiga escola primária.

 

 

 

Para mim, adolescente serrano de Cavião, o cinema era uma novidade, o mesmo não acontecia com os urbanos da vila, para quem era um hábito frequentar as sessões cinematográficas de domingo à tarde, as chamadas «matinées».

Recordo, como se fosse hoje, esse meu primeiro contacto com o audiovisual e o assunto ficou para sempre registado na minha memória.

Anos mais tarde, em 1972, já imediato de  um navio de pesca que operava nos mares do Sudoeste Africano, através do meu primo Abel de Oliveira Aguiar, fui presenteado com um exemplar do livro original, escrito em língua inglesa, «Portuguese Pilgrims and Dighton Rock», com uma dedicatória amável do Dr. Manuel Luciano da Silva. O mesmo viria a suceder com o livro de sua autoria «A electricidade do amor» e, pessoalmente, numa conferência que deu na Escola Secundária Ferreira de Castro, em Oliveira de Azeméis, em 29 de março de 2002, e que tive o previlégio de assistir, ofereceu-me e escreveu uma dedicatória honrosa na publicação «As verdadeiras Antilhas: Terra Nova e Nova Escócia».

 

 

Foi com grande orgulho que assisti à inauguração, em Cavião, das instalações da Associação Dr. Manuel Luciano da Silva, que prestigia a terra que o viu nascer e de que se orgulhava.

Comunicávamo-nos pela Internet, através do correio eletrónico, e a última vez que estivemos juntos foi no Porto, por ocasião do lançamento do livro «Cristóvão Colon[Colombo] era Português», no dia 3 de Junho de 2006, que escreveu em coautoria com a esposa D. Sílvia Jorge.  Revi-o no filme  de Manuel de Oliveira, «Cristóvão Colombo, o Enigma», apresentado em Macieira de Cambra.

Foi com profunda tristeza que recebi a fúnebre notícia que o meu amigo Adolfo Coutinho me enviou por mail. Não queria acreditar. Depois de introspetivar os momentos  de proximidade e comunhão, que acabo de narrar, decidi, em jeito de homenagem, publicitar essas minhas vivências com um dos mais importantes cambrenses e, seguramente, com o cavionense mais ilustre, que na diáspora cimentou com altruísmo e inteligência, uma conduta invulgar na ciência e na investigação, em paralelo com uma vida repleta de humanidade e solidariedade.

Paz à sua alma.

Viana do Castelo, 2012-10-23

Manuel de Oliveira Martins

publicado por dolphin às 22:00

23
Out 11

O Rancho do Monte, de Vila do Conde, com o apoio da Junta de freguesia e Câmara Municipal daquela cidade, fizeram a evocação do centenário do naufrágio do cruzador «São Rafael», ocorrida no dia 21 de Outubro de 1911.

 

 

 

No dia 21 deOutubro de 2011, dia do centenário, realizaram-se diversos eventos: - Missa e descerramento de placa evocativa, romagem ao cemitério e inauguração de uma exposição evocativa, no salão de festas do Rancho do Monte, que estará patente ao público até ao fim do ano, que aconselhamos a visitar.

 

 

No Auditório Municipal, no dia 22, teve lugar o lançamento do livro «Cruzador São Rafael - Evocação do Centenário do Naufrágio - 1911-2011», da autoria de Albino Gomes, seguido de um colóquio/palestra moderado por este, em que diversos(as) oradores(as) abordaram o tema do naufrágio à luz da imprensa local e nacional à época do acontecimento, e a sua repercussão a nível local e nacional nas populações e no país.

 

 

As comemorações fecharam em apoteose com a representação de uma pequena peça de teatro, numa tentativa de reproduzir o naufrágio, pelo grupo de Teatro Amador do Círculo Católico Operário (TACCO), que foi calorosamente aplaudida pelo grande número de pessoas que assistiram aos três eventos realizados no Auditório Municipal de Vila do Conde.

publicado por dolphin às 17:52

21
Dez 10

 

Pouco se sabe da vida deste ilustre vianense. Tudo leva a crer que nasceu em Viana, antes de 1498 por que nessa data surge como testemunha na formação do primeiro Tombo das rendas e bens da Câmara[1].

João Álvares Fagundes é descendente de uma família de clérigos que vieram do Porto acompanhar o Administrador da Comarca Eclesiástica de Entre-Lima-e-Minho,  D. João Afonso Ferraz (1464-1477) que era bispo eleito de Ceuta.[2]



Era filho de Álvaro Anes e sobrinho de Rodrigo Anes “Fagundo”;  o primeiro foi pároco em S. Vicente de Távora, S. Pedro de Seixas, Lanhelas e Argela, o segundo foi o primeiro arcipreste da Colegiada de Viana e seu filho Rui Fagundes ocupou o mesmo cargo. Eram pessoas influentes na Corte e na região.[3]

Herdou do pai os patronímios “Álvares Fagundes”. Teve uma filha de nome Maria Fernandes e em 1517 habitava numa casa da Rua Grande, da Vila de Viana  e, como possuía “carta de armas”, estava dispensado de contribuição para a finta da ponte sobre o Guadiana.[4]

Em 1521 o rei D. Manuel concedeu-lhe a capitania das terras descobertas. João Álvares Fagundes, para levar em frente essa grande aventura que foi a descoberta da parte meridional da Terra Nova, teve de se desfazer dos seus bens e até se endividado, por fim, veio a perder tudo o que havia conquistado com tanto sacrifício, em favor dos espanhóis que devido a um erro de longitudes cometidas pelos portugueses vieram a reclamar a inclusão do estreito de Cabot e  da Nova Escócia no seu hemisfério.

 


Deve-se a este Vianense a descoberta da Nova Escócia, a que chamou Terra Firme, depois navegou ao longo  da costa que segue na direcção SW-NE, entrou no Estreito de Canso onde fez aguada e a que deu o nome de Baía da Aguada, mais para norte contornou as ilhas do Cabo Bretão  e rumou na direcção de S.Pedro e Miquelon, chegando ao arquipélago de S.Pantaleão e à Ilha de Pitigão, resolveu mudar de rumo na direcção do sul onde encontrou a ilha de Sta. Cruz  que apelidou de Ilha Fagunda e daí para Oeste em direcção ao arquipélago das Onze Mil Virgens.

Como era costume dos descobridores de quatrocentos, julgava-se que também João Álvares Fagundes se teria socorrido do calendário litúrgico para nomear as descobertas que ia fazendo. Assim teria recorrido ao santoral cristão para baptizar as ilhas que ia descobrindo em função da data: no mês de Junho, no dia 13, a ilha com o nome do Santo António; no dia 24, dia de S. João, a ilha com o mesmo nome do santo desse dia; e a 29 desse mês S.Pedro. No mês de Julho surgiram as duas ilhas de Sant’Ana no dia 26 e no dia 27 o arquipélago de S. Pantaleão, “com a ilha de de pitiguoem”[5].

Como veremos mais adiante, existe outra hipótese provável. Em Agosto não houve nenhum achado, tudo levando a crer que estivessem entretidos na pesca do bacalhau na tranquila baía de Placência, ao sul da qual se situa a ilha de Santa Cruz que é refernciada como ficando no pé do banco que só podia ser o banco onde estavam a pescar.

Então, como agora, o clima não diferia muito. No fim de Agosto, princípios de Setembro começam-se a sentir os efeitos dos furacões. Era altura de regressar. No dia 14 de Setembro encontrou a ilha de Sta. Cruz que apelidou de Fagunda “ ...que esta no pee do banco E...[6]”, situada a sul do Cabo Race e rumou para ocidente na busca do caminho de regresso e foi dar ao arquipélago das Onze Mil Virgens no dia 21 de Outubro, retomando o caminho de retorno a Viana.

João Álvares Fagundes, estava entre os homens-bons de Viana, que em 6 de Novembro de 1512 se reuniram em concelho, para tomarem posição acerca do padroado do mosteiro de Sant’Ana, recentemente construído a expensas camarárias[7]. Dois anos passados, voltou a ser eleito para o cargo de juiz  do concelho de Viana[8].

Deve ter falecido no final de 1522 princípio de 1523, porque no Livro de Receita e Despesa da Câmara, primeiro fólio, pode ler-se: “...por ser falecydo, o dicto joham alvarez, foy emlygido martym fernandez, q servyse de vereador” [9].

O Dr. Manuel António Fernandes Moreira no livro “O Porto de Viana do Castelo e as Navegações para o Noroeste Atlântico” tece algumas considerações a propósito da data das descobertas, muito pertinentes. Assim, considera que o texto do alvará de concessão das terras descobertas tem dois limites: 1521 – ano da concessão da capitania a Fagundes, e 1501/1502, anos em que se realizaram as descobertas dos Corte-Reais. Atendendo à política que vinha sendo seguida por D. Manuel para aquela zona, depois do tratado de Tordesilhas, no pressuposto que pertencia ao hemisfério português, que era de descobrir e povoar antes dos espanhóis, que procuravam àvidamente uma passagem para o Pacífico, e também porque era uma zona rica  de peixe, apontava como ano provável da expedição de João Álvares Fagundes o ano de 1504, baseado no facto registado na Alfândega de Viana, deste ter comprado 2 moios de trigo dos Açores, o equivalente a 120 alqueires. Em face de tão grande quantidade de pão, que por certo não se destinava a consumo próprio, uma vez que os Fagundes eram uma família abastada que possuía grande número de terras dentro do perímetro da própria vila e recebiam avultadas rendas provenientes de comendas e igrejas, talvez que a grande quantidade de trigo adquirido se destinasse a organizar a expedição[10].

Considera ainda o mesmo autor, que embora fosse norma o uso do santoral romano nas descobertas, e alguns autores o tenham apontado a João Álvares Fagundes também como tendo atribuído a descoberta no dia 13 de Junho da Ilha de Santo António; dia 24, S. João; dia 29, S. Pedro. No dia 26 do mês de Julho as duas ilhas de Sant’Ana e o arquipélago de S.Pantaleão com a ilha de Pitigão no dia 29  desse mês. Em 14 de Setembro a Ilha de Santa Cruz e a 21 de Outubro, o arquipélago das Onze Mil Virgens. Apesar deste critério ser plausível, aponta outro como provável, os nomes das quatro portas da antiga alcáçova de Viana correspondem precisamente aos nomes S.João, S. Pedro, Santo António e Sant’Ana. Por outro lado as designações Onze Mil Virgens e S. Pantalião são devoções que ligam particularmente os marentes de Viana. Por último, refere, que o nome Santa Cruz,  está intimamente ligado à família Fagundes que tinha uma veneração profunda com o Santo Crucifixo, tendo-lhe, por esse motivo, consagrado a pedra  tumular da igreja Matriz de Viana.[11]

Outro facto desmitificado pelo Dr. Manuel António Fernandes Moreira, refere-se  ao nome da filha de João Álvares Fagundes  que se pensava ser Violante Fagundes, porém, o Livro das Sisas dos Panos da Alfândega de Caminha do ano de 1519, veio esclarecer que o nome correcto da verdadeira filha de João Álvares Fagundes era Maria Fernandes, que adquiriu 11 varas de pano de Tenebim (Teneby) por 770 reis.[12].



[1] Moreira, Manuel António Fernandes, O porto de Viana do Castelo e as Navegações para o Noroeste Atlântico, p.77

[2] Moreira, Manuel António Fernandes, O Porto de Viana do Castelo na Época dos Descobrimentos, p.155

[3] Idem, Ibidem

[4] Idem, Ibidem, p.156 e 157

[5] Idem, Ibidem,p.163

[6] Moreira, Manuel António Fernandes, O Porto de Viana na Época dos Descobrimentos, p.162

[7] A.M.V.C., Foral Grande, p.168

[8] Idem, p.170

[9] Moreira, Manuel António Fernandes, O Porto de Viana do Castelo e as Navegações para o Noroeste Atlântico,p.79

[10] Idem

[11]Idem, p.79 e 80

[12] Idem, p.78 e80

 

COM ESTE TEXTO TERMINO O ANO DE 2010, DESEJANDO AOS MEUS AMIGOS E SEGUIDORES DESTE BLOG,

FESTAS FELIZES.

publicado por dolphin às 19:24
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16
Mai 10

COMPANHIA MARÍTIMA DE TRANSPORTES E PESCA

 

A Companhia Marítima de Transportes e Pesca, S.A.R.L., sucedeu à extinta parceria de Pescarias de Viana, que durante 7 anos desenvolveu a indústria da pesca do bacalhau.

A Pescarias de Viana já vinha desenvolvendo outras actividades para além da pesca do bacalhau (seu fim prioritário), como a construção naval com os Estaleiros do Largo 5 de Outubro ou do Campo da Feira, e os transportes com o primeiro navio de nome "Gaspar", construído nesses mesmos estaleiros.

A nova companhia, que agora surgia, assentava nas bases da anterior Pescarias de Viana, mas integrava um grupo de accionistas da cidade do Porto e Viana. Entre eles estavam a casa Pinto & Sotto Maior, Cândido Sotto Maior, Joaquim Soares, Adelino Cardoso, Abílio Azevedo, dr. Rendeiro, dr.Correia de Barros e João Baptista Ferreira que geriu de forma eficaz a anterior empresa de pescarias.

Entre eles subscreveram o capital social de 1.000 contos com que iniciaram a sociedade, podendo esse capital elevar-se até 5.000 contos, caso houvesse necessidade, fruto das oportunidades de negócio.

O objectivo da companhia, relativamente à anterior parceria, era alargado, visando englobar as actividades da construção naval e dos transportes marítimos.

A nova empresa elegeu os corpos sociais, ficando como directores os srs. Joaquim Soares, Adelino Cardoso, representantes da casa Pinto & Sotto Maior, a designar, e João Baptista Ferreira. Como gerente ficou o sr. Camilo Sá Pinto Sotto Maior. Ao Conselho Fiscal ficaram a pertencer nomes da cidade do Porto e Viana, tais como, António Gonçalves da Silva Carvalho, drs. Gabriel Fânzeres, Martins Delgado e Manuel Martins do Couto Viana.

Ficaram a pertencer à nova companhia quase todos os sócios da anterior parceria Pescarias de Viana que conjuntamente com os novos elementos e o capital aumentado levantarão a nova empresa.

No momento da constituição da firma, Julho de 1920, já se encontrava na Terra Nova o lugre "Rio Lima" recentemente construído e também adquiriram para o transporte marítimo o lugre "Nuno Álvares" que podia transportar mil toneladas de carga e tinham em construção nos seus estaleiros do Campo da Feira, um novo lugre, o segundo "Santa Luzia", para a pesca do bacalhau.

As três actividades propostas nos objectivos da empresa, estavam todas em laboração, razão suficiente para os accionistas estarem satisfeitos e expectantes.

Os bons resultados desta companhia reflectiram-se de imediato nos primeiros anos do exercício, possibilitando a distribuição pelos accionistas, do pagamento de dividendos. No primeiro ano, foi determinado em Assembleia Geral, realizada na sede da companhia, à Praça da Liberdade, n.º 28, 3.º no Porto, a distribuição de dividendos pelos accionistas no valor de 8$00 por acção. Nesta mesma reunião foi eleito um novo director, o sr. Amador Valente, em substituição do sr. Adelino Cardoso que por motivo de falta de saúde pediu a sua exoneração.

No ano seguinte, 1923, em consequência das boas campanhas feitas pelos navios, "Santa Luzia" e "Rio Lima" e das boas vendas, foi possível distribuir pelos accionistas um dividendo de 10 escudos por acção.

A companhia estava de boa saúde, e mais uma vez em meados de Abril, o "Santa Luzia" e o "Rio Lima" partiam para Lisboa para abastecer de mantimentos e sal e seguirem viagem para os bancos da Terra Nova.

 

Fontes: A Aurora do Lima:23-07-1920; 20-02-1923

 

Viana do Castelo, 2010-05-09

Manuel de Oliveira Martins

publicado por dolphin às 09:50

25
Mar 10

4 - NAUFRÁGIO DO NIETA

 

No dia 21 de Julho de 1861, pelas 2 horas e meia da manhã, varava (1) na costa, a meia milha ao norte do Castelo de São Tiago da Barra, o vapor espanhol NIETA, de 447 tons, do comando do capitão D. João Baptista Alegria, propriedade de D. José Sierra, registado no porto de Barcelona.

O navio partira de Barcelona, com escala por outros portos do Mediterrâneo, com destino a Liverpool, com escala em Vigo. Trazia um carregamento incompleto de azeite, aguardente, panos, passas, etc. A tripulação era composta por 28 tripulantes e 7 passageiros. Tratava-se de um bonito navio novo, movido a hélice.

A zona da costa em que encalhou é rochosa e cheia de escolhos, pelo que as diligências tomadas para o salvar foram difíceis de executar. Apesar das dificuldades sentidas, foi possível, através de lanchas, descarregar toda a carga, sem avaria, para os armazéns da Alfândega.

Pensavam os peritos que depois do navio aliviado (2) da carga, seria possível, na preia mar, desencalhá-lo. Tal não se verificou, no entanto, às 14.00 horas do dia 22 de Julho, conseguiram safar o navio da cama(3) onde estava assente, porém, com muita água dentro, fruto dos rombos sofridos no costado.

Para o bom êxito deste salvamento contribuíram muito as acertadas providências tomadas pelos srs. Director da Alfândega, Administrador do Concelho, Capitão do Porto e Vice-cônsul Espanhol. O Director das Obras Públicas, Sr. Eng.º Nogueira Soares, estava no local do sinistro, pronto a actuar com os mergulhadores das obras da barra, para, caso necessário, proceder ao quebramento de alguns rochedos para facilitar a saída do navio, o que não foi preciso, devido ao vapor, por acção duma volta de mar se ter desentalado dentre os rochedos.

Safo das rochas, o navio foi para o fundeadouro(4) da Cal, a aguardar ordens do armador, carregadores e seguradoras. Por ordem da companhia de seguros do navio e da carga, de Liverpool, foi determinado ao Capitão do navio que seguisse para Vigo a fim de reparar as avarias sofridas. Em consequência destas ordens, foi feita uma peritagem ao vapor, por peritos que foram de bordo do navio de guerra LYNCE que se encontrava também fundeado fora da barra. Depois da peritagem, os peritos declararam que o navio podia fazer a viagem para Vigo sem risco, apesar dos rombos que tinha no casco.

A pedido do vice-cônsul Espanhol em Viana do Castelo, o comandante do vapor português de guerra LYNCE, anuiu em acompanhar  o NIETA até à entrada de Vigo, de prevenção para acudir a algum acidente que pudesse surgir. Os peritos de Vigo, após vistoria detalhada à zona arrombada, concluiram que o navio podia  sem risco, seguir viagem para Liverpool, depois de receber a carga que ficara estivada e guardada em Viana. Em face de tão boa nova o capitão rumou imediatamente para Viana do Castelo onde recebeu a carga fora da barra.

Na madrugada do dia 4 de Agosto de 1861, o vapor NIETA, suspendeu (5) do fundeadouro onde recebeu a carga e seguiu para Liverpool, com todo o seu carregamento salvo e em bom estado.

Glossário: (1) - Varar - dar à costa numa praia. (2) - Aliviar - Tornar o barco mais leve, deitando carga ao mar ou transferindo-a para outro barco. (3)- Cama - Também se chama "berço" quando o navio assenta com a quilha no fundo. (4) - Fundeadouro - Local em que o navio larga a âncora ou ferro em segurança para se manter preso ao fundo. (5) - Suspender - Levantar a âncora ou ferro através do molinete (aparelho de viragem destinado para esse fim).

Fontes: A Aurora do Lima: 22,24,26,29,31-07-1861; 02,05-08-1861

Viana do Castelo 2010-03-24

Manuel de Oliveira Martins

publicado por dolphin às 18:04

22
Jun 09

 

Na sequência do encontro pedagógico, "Ao encontro...da nossa história" que a ACADEMIA SÉNIOR - Universidade da Terceira Idade, do Centro de Estudos Regionais - CER, realizou no passado mês de Abril no auditório da ESE - Escola Superior de Educação de Viana do Castelo, com o escritor Dr. Ernesto Português, efectuou-se no dia 20 de Junho uma visita guiada por este distinto escritor, conhecedor profundo do património Monçanense, com o objectivo de proporcionar aos formandos da Academia, associados e amigos do CER, compartilhar das referências apresentadas nas suas monografias.

Partimos de Viana, ainda pela fresca,mas pressentindo um dia de canícula de Verão que amanhã tem o seu início, em direcção a Moledo onde completamos o grupo formado por 36 elementos. O Presidente do CER, Dr. Arnaldo Ribeiro deu então as boas vindas, fez uma breve explicação do programa da visita e desejou boa viagem a todos.

Esperava-nos no famoso (pelo vinho Alvarinho) e histórico Palácio da Brejoeira ( que se supoe ter origem na palavra brejo - que significa terreno inculto coberto de matagal), o nosso anfitrião, dr. Ernesto Português com dois colaboradores do palácio que nos iriam guiar na visita

 

.

 

Da floresta à agricultura, com especial destaque para a viticultura, fomos ficando "inebriados" (sem beber) com os aromas do Alvarinho mais famoso e emblemático que dá pelo nome de "Palácio da Brejoeira" e que, como viemos a saber mais tarde no Solar do Alvarinho, não integra o grupo deste "solar", constituído para defesa e promoção deste maravilhoso produto, que é um forte sustentáculo da economia da região.

Seguiu-se a visita ao Palácio própriamente dito, um belo exmplar da arquitectura do século XVIII princípios do séc. XIX, começando pela capela e acabando na majestosa sala de jantar, passando pela biblioteca com um acervo histórico muito valioso, especialmente no campo legislativo de índole parlamentar - Diários das Cortes  e Diários do Governo e pelo belo teatro.

Aqui se realizaram encontros importantes entre as mais gradas figuras históricas das diversas épocas, das quais destacamos um encontro entre Salazar e Franco e mais recentemente entre Guterres e Aznar.

S. Tiago de Pias foi a paragem seguinte onde nos esperava o sr. Padre Agostinho Caldas Afonso, homem dinâmico e diligente que tem obra feita não só na freguesia como no concelho, onde é Provedor da Santa Casa da Misericórdia, que nos recebeu no Centro Social e Paroquial de S. Tiago de Pias inaugurado há cerca de um ano, presenteando-nos com um Alvarinho da região acompanhado de deliciosos fumados, típicos da região do Alto Minho. Obrigado sr. padre pela maravilhosa recepção e pelas palavras amigas que dirigiu à Academia e ao CER, a que o nosso Presidente, Dr. Arnaldo Ribeiro retribuiu com um brinde ao sr. Padre Agostinho, ao Dr. Ernesto e ao CER.

 

 

Não podíamos partir de S. Tiago de Pias sem fazer uma visita à igreja, onde mais uma vez o nosso anfitrião, ali nascido mesmo ao lado na Quinta do Mosteiro, nos deu mais uma aula de história inserida no seu livro "S. Tiago de Pias - História e Cultura", editado pela Câmara Municipal de Monção em parceria com a Fábrica da Igreja de Pias.

Era hora do almoço e lá partimos para Monção onde estava marcado o repasto que demorou um pouco mais que o previsto e por isso nos limitou o resto da visita.

Uns mais outros menos satisfeitos, fomos "Ao encontro ...com a nossa história",  porque Monção irradia história por todo o lado. Era preciso mais tempo para ouvir da boca sábia do Dr. Ernesto o passado glorioso desta vila raiana, baluarte que se notabilizou ao longo dos séculos na defesa da fronteira com  "nuestros hermanos".

 

 

Pelas ruas medievais, estreitas, mas bem cuidadas, desembocamos na Praça DEU-LA-DEU, local obrigatório para quem vem a Monção, como o são tantos outros, dos quais destacamos a igreja Matriz, a igreja da Misericórdia, a casa do Curro que tivemos ocasião de visitar e onde nos foi oferecido um vinho Alvarinho, colheita dos produtores associados no "solar do Alvarinho", como já referimos atrás.

Mas não só o antigo é digno de visita, também os novos Balneários das Termas, as piscinas Municipais e um Hotel de Charme recentemente inaugurado, mereceram o nosso reparo.

Por tudo o que vimos e o mais que ficou por ver, recomendamos uma visita a Monção e arredores.

 

 

 

publicado por dolphin às 23:39
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01
Jan 09

Na passagem do ano foi inaugurada a estátua na Praça da República, homenageando esse grande vianense, desconhecido da maioria dos vianenses, de seu nome Diogo Álvares Correia a quem os índios tupinambás apelidaram de CARAMURU.

Sendo considerado (e bem) por figuras de relevo do campo da investigação histórica, como o maior vianense, naturalmente que o local mais apropriado para o homenagear teria de ser na praça mais importante da cidade , a Praça da República.

 

 

Já hoje ouvi a vários vianenses criticar o local, como também o retirar à praça a magnitude que possuía, roubando-lhe espaço e ambiente para a realização de eventos.

Não sou da mesma opinião, parece-me que se preencheu um espaço que faltava, a praça ficou mais composta, mais atractiva, há algo para ver, para visitar que chama à atenção, e, como tal ,vai contribuir para que os visitantes fiquem a saber um pouco da história de Viana.

 

 

Por acaso Pero do Campo Tourinho no local onde esteve e onde está colocada a sua estátua, alguém repara nele? Já para não falar desse grande vianense a quem se devem importantes melhoramentos em Viana, e não só,  Manuel Afonso Espregueira, escondido no jardim marginal, sem qualquer referência que o identifique.

 

 

Está de parabéns a edilidade por ter deliberado colocar a estátua do Caramuru na maior e melhor praça de Viana, como tão bem decidiu honrar Frei Bartolomeu dos Mártires no Largo de São Domingos.

 

 

Mestre José Rodrigues, o autor, merece elogios pela forma como conseguiu interpretar a história deste vianense e moldar uma tão notável obra de arte que mostra ao público quem foi o CARAMURU.

publicado por dolphin às 22:59
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